Nesta sexta (14) a partir das 15 horas, no auditório da OAB Recife, será apresentado à sociedade pernambucana os resultados da pesquisa que mapeou casos de racismo religioso no nosso estado. O evento é um marco para os povos tradicionais e contará com cânticos, palestras, exibição do teaser do documentário produzido pelo projeto e lançamento de uma Cartilha sobre direitos afro religiosos e da ONG Abaçá da Justiça.
“Racismo Religioso: Respeita Minha Fé!” é um projeto coordenado pela Tenda de Umbanda Caboclo Flecheiro D’Ararobá, em parceria com o Museu da Abolição (MAB). Aprovado no Edital Vidas Negras — Justiça Racial (2021), do Baobá — Fundo para equidade racial, o projeto foi iniciado ainda em 2021, realizando entrevistas e coletando dados sobre processos judiciais que envolvam violência racial contra terreiros da Região Metropolitana de Recife, por meio de uma equipe de pesquisadores e juristas.
"O racismo religioso acontece de tantas formas que fica até difícil tipificar dentro da legislação que pauta a discriminação, tanto racial como religiosa. Outro ponto marcante foi a constatação da insegurança que o povo de terreiro tem em denunciar as violências sofridas, há medo de acionarem a própria polícia", ressaltou Matheus Ramos, pesquisador jurídico do projeto.
O projeto ainda contempla a produção de um documentário sobre racismo religioso em diferentes aspectos. A produção ficou a cargo do Coletivo Obirin. "Estamos produzindo uma série de mini documentários que buscam retratar não apenas as violações sofridas pelos povos de terreiro, mas também mostrar a resistência e a resiliência das religiões de matriz afro indígena", destacou Lais Rilda, co-diretora do documentário. Os vídeos serão lançados semanalmente no canal do Youtube do Projeto.
Ainda durante o evento, dois lançamentos serão realizados, o da Cartilha de direitos afro religiosos e da ONG Abaçá da Justiça. "A Cartilha de Direitos Afro Religiosos foi construída a partir das pesquisas jurídicas e da cartografia social realizadas ao longo do projeto e busca deixar mais acessível aos povos de terreiro com respostas rápidas às agressões mais recorrentes", explicou Mirella Leite, coordenadora do MAB e responsável pela cartografia social do projeto.
"A criação da ONG Abaçá da Justiça representa o esforço do nosso Centro Social e Tenda de Umbanda Caboclo Flecheiro para promover a equidade e a Justiça racial em Pernambuco. A partir da sua criação, pretendemos oferecer serviços de pesquisa, formação, assessoria e consultoria nas áreas de direitos humanos e equidade, valorizando a diversidade existente dentro dos próprios terreiros", ressaltou Edson de Omolu, coordenador geral do projeto.
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