A escassez de água, processo de desertificação, já ocorre em mais de 160 mil hectares de superfície no bioma da Caatinga, que compreende os estados do Nordeste, do Piauí até a Bahia, e a faixa norte de Minas Gerais. Isso representa 16,75% do bioma. As informações são do monitoramento do MapBiomas. A única região em que não houve redução foi Sergipe.
“A rápida transformação da Caatinga está provocando a transformação do bioma em algumas regiões. Mapeamos a região de Irauçuba, no Ceará, e detectamos a expansão de um núcleo de desertificação. Padrão semelhante foi observado em outros núcleos de desertificação, é possível monitorar com os dados do Mapbiomas as ASDs (áreas suscetíveis à desertificação), como Jeremoabo, na Bahia”, explicou Washington Rocha, coordenador da Equipe Caatinga do MapBiomas.
Além desses, foi identificado o mesmo fenômeno no Ceará, em Pernambuco, no município de Cabrobó (PE), expandindo para o leste, no sentido de Alagoas, para Seridó, no Rio Grande do Norte, indo para a Paraíba.
Caatinga é um bioma totalmente brasileiro. Mais de um quarto do bioma, 25,59%, ou seis milhões de hectares, já foram modificados pelos humanos nos últimos 37 anos. Pouco mais de 15% foram alterados por queimadas — o equivalente a 13.770 hectares.
Os maiores estragos são causados pela agropecuária, que atualmente ocupa 5,7 milhões de hectares do bioma. No período de quase quatro décadas, a atividade cresceu em um quarto, sendo o Ceará o principal estado atingido. Foram 320% a mais de natureza modificada para abrir espaço às pastagens, em Minas Gerais foram 131%. Em seguida, estão Paraíba e Rio Grande do Norte, com o dobro de crescimento de territórios ocupados para esse fim.
Até as áreas protegidas do bioma, que compreendem 30%, tiveram perdas para a agricultura e pastagens. Nas reservas, a vegetação natural foi diminuída em 7,6%. Já nas Unidades de Conservação (UC), que representam 9% do bioma, houve perda de 3,3% de área para as atividades comerciais.
A reportagem é de Tainá Andrade - Correio Braziliense
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