Uma pesquisa da Fundação do Câncer mostra que 65,7% das mulheres com diagnóstico de câncer de mama, sem plano de saúde, demoram mais de 60 dias para iniciar o tratamento da doença, tempo limite indicado por especialistas.
Já entre as pacientes com convenio médico, o levantamento revelou que 48% delas demoram mais que o tempo recomendado para início do tratamento.
A escolaridade dessas mulheres também revela uma desigualdade no acesso à saúde. Segundo o estudo, 51,4% das mulheres encaminhadas pelo Sistema único de Saúde (SUS), não têm o ensino fundamental completo. Já entre as pacientes de origem da rede privada de saúde, esse índice é de apenas 29,9%.
O epidemiologista e consultor da Fundação do Câncer, Alfredo Scaff, explica que existem alguns exames a serem feitos após o diagnóstico da doença. Esses procedimentos têm uma grande demanda do sistema público de saúde, o que prolonga a espera.
“Muitas vezes a mulher, quando alcança o tratamento no SUS, novos exames são solicitados, como a mamografia e a biópsia e há um grande número de pessoas na fila para fazer esses exames. De modo que o processo de acesso ao tratamento não é oportuno, e como consequência provável a sobrevida das pacientes de origem SUS deverá ser menor. Quando a origem é o via plano de saúde ou particular, o diagnóstico acaba sendo mais rápido. É a iniquidade que perdura”, situa Alfredo Scaff.
O estudo da Fundação analisou também o estágio da doença, no momento em que as mulheres dão entrada para iniciar o tratamento. O levantamento considerou a seguinte classificação: zero representa o estágio menos avançado e IV o mais avançado da doença.
Segundo a pesquisa, 19,8% das pacientes originadas do SUS chegam em estágios iniciais (0 e I) do câncer de mama, contra 31,9% das originárias de planos de saúde ou particulares. Segundo os especialistas, o ideal é que a maioria dos casos cheguem em estágios precoces.
“O que fica claro aqui para se fazer uma leitura mais precisa, é que o tempo entre a suspeita diagnóstica e o início do tratamento é crucial e tem relação com o agravamento da doença e, consequentemente, com o tratamento necessário. Quanto maior o tempo, mais agressivo será o tratamento; câncer é uma doença tempo-dependente”, salienta Alfredo Scaff.
A CNN procurou o Ministério da Saúde e aguarda uma resposta.
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