Fome, insegurança alimentar e nutricional, desnutrição, obesidade e doenças crônicas não transmissíveis (DCNT). Questões complexas que influenciam a vida de milhões de pessoas no Brasil e no mundo e que foram potencializadas pelo contexto da pandemia de Covid-19. Para debater e jogar luz sobre esse cenário, a Editora Fiocruz lança Sistemas Alimentares, Fome e Insegurança Alimentar e Nutricional no Brasil, novo título da coleção Temas em Saúde.
A obra estará disponível para aquisição nos formatos impresso – via Livraria Virtual da Editora – e digital, por meio da plataforma SciELO Livros.
No livro, os nutricionistas Rosana Salles-Costa, Aline Alves Ferreira, Paulo Castro Junior e Luciene Burlandy partem da perspectiva de pensar as relações entre a fome, a insegurança alimentar e nutricional, a obesidade e as DCNT, no contexto dos sistemas alimentares. Segundo os autores, o volume foi elaborado com o intuito de corroborar o debate sobre os desafios e as reflexões pautadas na recente agenda científica. "A reflexão foi desenvolvida à luz de uma compreensão integrada de processos que atravessam os sistemas alimentares globalizados, com destaque para o cenário brasileiro", resumem.
A obra aborda ainda uma concepção ampliada da chamada SAN: segurança alimentar e nutricional. Essa abordagem leva em conta a construção, ao longo dos anos, de uma política e de um Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional no Brasil, formalizados na Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional (Losan), além das redes organizadas da sociedade civil, das instituições acadêmicas e de segmentos de governos.
Em cinco capítulos, o livro problematiza, segundo os autores, como a atual configuração dos sistemas alimentares globalizados afeta os rumos das políticas governamentais e os usos de recursos públicos, gerando diferentes tipos de desigualdades. Essa configuração estimula práticas alimentares que vêm sendo associadas às DCNT, condicionando situações de fome e de insegurança alimentar e nutricional. "Portanto, acentuam as próprias condições de vulnerabilidade econômica e social vivenciadas por diferentes segmentos da população", enfatizam.
O primeiro capítulo apresenta a definição dos conceitos de sistemas alimentares, fome, SAN, direito humano à alimentação adequada (DHAA), insegurança alimentar e nutricional e dos demais temas norteadores das análises desenvolvidas ao longo do livro.
Em seguida, no capítulo dois, apresenta-se o debate acadêmico desenvolvido nas últimas décadas sobre os indicadores mais apropriados para expressar a fome, a insegurança alimentar e nutricional e a pobreza, tanto no cenário internacional como no nacional. Além disso, são discutidas também as possíveis aplicações dos indicadores existentes no diagnóstico e no monitoramento das políticas de SAN.
No terceiro capítulo problematizam-se os resultados das estatísticas populacionais referentes às questões de alimentação e nutrição que ocupam lugar central na análise desenvolvida no livro, além de um mapeamento de regiões e grupos vulneráveis mais expostos no país.
No capítulo quatro aprofunda-se a análise das configurações dos sistemas alimentares na contemporaneidade, com destaque para o cenário de iniquidades. Para tal, problematizam-se as mudanças ocorridas na alimentação e nutrição nas últimas décadas, incluindo a crescente oferta de alimentos ultraprocessados e os condicionantes econômicos e políticos desse processo.
O último capítulo indica os desafios e as perspectivas para a construção de sistemas alimentares sustentáveis equitativos e saudáveis, destacando caminhos que vêm sendo apontados na literatura para a transformação desses sistemas.
Os autores propõem, ao longo do livro, um conjunto de materiais estratégicos voltados para estudantes, profissionais da saúde e público em geral. Para isso, eles apresentam conceitos e conteúdos fundamentais de alimentação e nutrição, por meio de informações atualizadas que mostram como os sistemas alimentares são caracterizados por desigualdades, problemas ambientais e de saúde. "Pretende-se subsidiar reflexões que considerem a multidimensionalidade e a complexidade dos temas abordados", destacam.
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