O patrimônio ambiental do Brasil é invejável. O país é líder mundial na oferta de água potável, na biodiversidade de fauna e flora, espalhada pelos seis biomas mais conhecidos — Amazônia, caatinga, cerrado, mata atlântica, pampa e pantanal. Nesses diferentes cenários, há fenômenos genuínos, entre eles o da Estação Ecológica de Águas Emendadas, a 50km da Praça dos Três Poderes. Lá, em um mesmo ponto, brotam as nascentes das bacias hidrográficas do Tocantins, ao norte, e a do Paraná-Prata, ao sul.
Trinta anos atrás, o Brasil foi sede da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (Eco92), realizada no Rio de Janeiro, que reuniu representantes de 175 nações, entre 3 e 14 de junho de 1992. O encontro foi marcado pelo consenso de que a vida no planeta dependia de uma profunda revisão do modelo econômico, a fim de não exaurir os recursos naturais.
A mudança passava pela redução da emissão de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento do planeta, e pelos eventos climáticos intensos. Para isso, concluíram os participantes, era indispensável preservar as florestas, a fauna, as fontes hídricas, modificar os hábitos de consumo e garantir bem-estar e qualidade de vida a todos os segmentos da sociedade.
O Brasil, por toda a sua potencialidade ambiental, foi reconhecido, pelas nações mais desenvolvidas, como protagonista das iniciativas indispensáveis para mitigar os impactos antrópicos que colocavam, e ainda colocam, em risco a sobrevivência da humanidade, durante a Conferência do Clima de Paris, em 1995. No encontro, as autoridades brasileiras se destacaram no estabelecimento de metas para reduzir o aquecimento global. Entre elas, estava o combate rigoroso ao desmatamento da Amazônia, a formulação de políticas ambientais para resguardar os demais biomas nacionais, o que implicava, ainda, garantir os direitos e a segurança dos povos originários e tradicionais, alvos seculares dos predadores do meio ambiente.
Os compromissos do Brasil com a preservação da Floresta Amazônica atraiu investimentos externos. Entre 2004 e 2017, o desmatamento na região diminuiu 75%, e levou o país a captar mais de R$ 3 bilhões em doações de países comprometidos com ações para conter o aquecimento global.
Hoje, a imagem do Brasil está invertida. O desmatamento avança na Floresta Amazônia, ora pelos tratores, ora pelo fogo. A vegetação é devastada pelos garimpos, e os cursos d'água contaminados e transformados em ameaça à vida dos povos originários e tradicionais. O país ocupa a quarta posição no ranking mundial de emissores de gases de efeito estufa. O descaso com os direitos humanos das comunidades indígenas e quilombolas constrange as sociedades brasileira e internacional. É preciso mudar, urgentemente, essa realidade.
O Brasil deve voltar a liderar a luta pela preservação do meio ambiente. O futuro é verde. (Artigo opinião publicado no Correio Braziliense)
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