Poluição por plásticos, uma problemática ambiental. Pesquisadores explicam impactos dos microplásticos nos ecossistemas

15 de Sep / 2022 às 21h00 | Variadas

De acordo com estudos recentes, mais de 320 milhões de toneladas de plásticos são produzidos anualmente em todo o mundo e grande parte dessa produção é descartada em locais inadequados. Estima-se que 94% do plástico é destinado a aterros sanitários ou liberados no meio ambiente natural, enquanto apenas 6% são destinados à reciclagem. Estes dados alarmantes estão presentes no e-book Microplásticos nos ecossistemas: impactos e soluções, publicado numa parceria entre o Instituto de Biociências (IB) e a Escola de Engenharia de Lorena (EEL), ambos da USP.

São 14 capítulos que refletem as experiências de pesquisadores da USP, discorrendo sobre a presença de plásticos nos rios, mares, mangues ou reservatórios e com sínteses de estudos em laboratório ou in situ (no local). Como lembram os organizadores no prefácio da obra, “no dia a dia, é praticamente impossível escapar dos plásticos”.

“A publicação cobre uma lacuna na literatura nacional, pois há poucas pesquisas sobre o tema no Brasil, em particular sobre os ecossistemas de água doce”, explica Marcelo Luiz Martins Pompêo, pesquisador do Departamento de Ecologia do IB e um dos organizadores do livro. A ideia, de acordo com Pompêo, é ampliar a discussão sobre essa importante temática ambiental, pois os plásticos já são um dos mais importantes poluentes mundiais.

Também participaram da organização do livro os pesquisadores Teresa Cristina Brazil de Paiva, coordenadora dos Laboratórios de Ecotoxicologia Aquática e de Caracterização e Tratamento de Efluentes da EEL; Bárbara Rani-Borges, doutora em Engenharia pela Universidade do Minho, de Portugal, e doutoranda em Ciências Ambientais pela Unesp.

A poluição por plásticos é relativamente recente, conforme explica Lucas Gonçalves Queiroz, pesquisador do IB que escreve um dos capítulos. “Nas últimas décadas, o uso de materiais plásticos tornou-se cada vez mais comum na indústria, agricultura, medicina e em produtos de uso diário”, diz, informando ainda que o elevado consumo destes materiais se deve à sua praticidade, durabilidade, baixo custo e resistência. “Neste contexto, o que parece ser uma grande vantagem do ponto de vista industrial e comercial, a durabilidade do produto pode significar um grande problema ambiental. No ambiente natural, os plásticos são altamente persistentes, podendo levar centenas ou milhares de anos para se degradar”, explica.

Problemática ambiental que, reforçada pela produção de materiais plásticos, vem aumentando a cada ano. “Recentemente, uma nova abordagem sobre a poluição por plásticos tem ganhado cada vez mais destaque na comunidade científica. Pequenas partículas plásticas têm sido observadas em diferentes ecossistemas, principalmente nos ambientes aquáticos. Estas partículas, denominadas ‘microplásticos’ – que possuem dimensões menores que 5 mm e podem ser gerados a partir de processos industriais ou ainda por agentes ambientais – têm sido alvo de uma série de pesquisas ao redor do mundo”, afirma Queiroz, acrescentando que, à medida que avançam, esses estudos têm demonstrado que os microplásticos podem impactar negativamente organismos expostos a estas partículas resultando em efeitos de nível populacional e, ainda, ecossistêmico.

Políticas públicas e ações pessoais podem reduzir o seu uso, garantem os organizadores do livro. Mas eles alertam que, particularmente no Brasil, não há legislação que determine monitorar a sua presença nos ecossistemas, visando a avaliar seus impactos para a qualidade desses ecossistemas e para a qualidade de vida da biota e dos seres humanos.

“Mas há extrema necessidade não só para o tema ser pautado na mídia, mas que se criem legislações nacionais e internacionais, visando a avaliar a quantidade de plásticos presente nos ecossistemas, e que também permitam acompanhar os impactos que causam, além de propor formas de reúso e de descartes adequados. Ao mesmo tempo, estas normativas também deverão permitir criar mecanismos que visem a mitigar os problemas encontrados, protegendo os ambientes menos impactados e recuperando aqueles mais comprometidos”, reforçam.

O livro, segundo os organizadores, é uma contribuição que tem como objetivo incentivar novos estudos, permitindo constituir grupos de pesquisas em todo o território brasileiro, estudando plásticos e seus impactos em todos os biomas nacionais, e auxiliando na elaboração de políticas públicas.

Você sabia que o plástico está em praticamente tudo que consumimos?

Segundo os organizadores do livro Microplásticos nos ecossistemas: impactos e soluções, ele nos acompanha em quase todos os momentos de nossa vida. “O plástico pode ser observado em diversas cores e formatos, no interior dos carros, nos diversos tipos de embalagens que utilizamos, empregadas na indústria alimentícia, de remédios, nos supermercados, nos hospitais, nas feiras, etc. Vestimos ele, passamos micropartículas de plástico nas nossas bocas, para auxiliar na limpeza de nossos dentes. São copos e garrafas de inúmeros volumes, canudos, sacos plásticos, bolsas, fios, bolas, tubos de todas as bitolas, brinquedos e outros inúmeros formatos e para centenas de diferentes usos.”

.Em e-book gratuito, pesquisadores da USP explicam impactos dos microplásticos nos ecossistemas

De acordo com estudos recentes, mais de 320 milhões de toneladas de plásticos são produzidos anualmente em todo o mundo e grande parte dessa produção é descartada em locais inadequados. Estima-se que 94% do plástico é destinado a aterros sanitários ou liberados no meio ambiente natural, enquanto apenas 6% são destinados à reciclagem. Estes dados alarmantes estão presentes no e-book Microplásticos nos ecossistemas: impactos e soluções, publicado numa parceria entre o Instituto de Biociências (IB) e a Escola de Engenharia de Lorena (EEL), ambos da USP, e disponível para download gratuito neste link.

São 14 capítulos que refletem as experiências de pesquisadores da USP, discorrendo sobre a presença de plásticos nos rios, mares, mangues ou reservatórios e com sínteses de estudos em laboratório ou in situ (no local). Como lembram os organizadores no prefácio da obra, “no dia a dia, é praticamente impossível escapar dos plásticos”. “A publicação cobre uma lacuna na literatura nacional, pois há poucas pesquisas sobre o tema no Brasil, em particular sobre os ecossistemas de água doce”, explica Marcelo Luiz Martins Pompêo, pesquisador do Departamento de Ecologia do IB e um dos organizadores do livro. A ideia, de acordo com Pompêo, é ampliar a discussão sobre essa importante temática ambiental, pois os plásticos já são um dos mais importantes poluentes mundiais.

Também participaram da organização do livro os pesquisadores Teresa Cristina Brazil de Paiva, coordenadora dos Laboratórios de Ecotoxicologia Aquática e de Caracterização e Tratamento de Efluentes da EEL; Bárbara Rani-Borges, doutora em Engenharia pela Universidade do Minho, de Portugal, e doutoranda em Ciências Ambientais pela Unesp.


A poluição por plásticos é relativamente recente, conforme explica Lucas Gonçalves Queiroz, pesquisador do IB que escreve um dos capítulos. “Nas últimas décadas, o uso de materiais plásticos tornou-se cada vez mais comum na indústria, agricultura, medicina e em produtos de uso diário”, diz, informando ainda que o elevado consumo destes materiais se deve à sua praticidade, durabilidade, baixo custo e resistência. “Neste contexto, o que parece ser uma grande vantagem do ponto de vista industrial e comercial, a durabilidade do produto pode significar um grande problema ambiental. No ambiente natural, os plásticos são altamente persistentes, podendo levar centenas ou milhares de anos para se degradar”, explica.

Problemática ambiental que, reforçada pela produção de materiais plásticos, vem aumentando a cada ano. “Recentemente, uma nova abordagem sobre a poluição por plásticos tem ganhado cada vez mais destaque na comunidade científica. Pequenas partículas plásticas têm sido observadas em diferentes ecossistemas, principalmente nos ambientes aquáticos. Estas partículas, denominadas ‘microplásticos’ – que possuem dimensões menores que 5 mm e podem ser gerados a partir de processos industriais ou ainda por agentes ambientais – têm sido alvo de uma série de pesquisas ao redor do mundo”, afirma Queiroz, acrescentando que, à medida que avançam, esses estudos têm demonstrado que os microplásticos podem impactar negativamente organismos expostos a estas partículas resultando em efeitos de nível populacional e, ainda, ecossistêmico.

Políticas públicas e ações pessoais podem reduzir o seu uso, garantem os organizadores do livro. Mas eles alertam que, particularmente no Brasil, não há legislação que determine monitorar a sua presença nos ecossistemas, visando a avaliar seus impactos para a qualidade desses ecossistemas e para a qualidade de vida da biota e dos seres humanos. “Mas há extrema necessidade não só para o tema ser pautado na mídia, mas que se criem legislações nacionais e internacionais, visando a avaliar a quantidade de plásticos presente nos ecossistemas, e que também permitam acompanhar os impactos que causam, além de propor formas de reúso e de descartes adequados. Ao mesmo tempo, estas normativas também deverão permitir criar mecanismos que visem a mitigar os problemas encontrados, protegendo os ambientes menos impactados e recuperando aqueles mais comprometidos”, reforçam.

O livro, segundo os organizadores, é uma contribuição que tem como objetivo incentivar novos estudos, permitindo constituir grupos de pesquisas em todo o território brasileiro, estudando plásticos e seus impactos em todos os biomas nacionais, e auxiliando na elaboração de políticas públicas.

Você sabia que o plástico está em praticamente tudo que consumimos? Segundo os organizadores do livro Microplásticos nos ecossistemas: impactos e soluções, ele nos acompanha em quase todos os momentos de nossa vida.

“O plástico pode ser observado em diversas cores e formatos, no interior dos carros, nos diversos tipos de embalagens que utilizamos, empregadas na indústria alimentícia, de remédios, nos supermercados, nos hospitais, nas feiras, etc. Vestimos ele, passamos micropartículas de plástico nas nossas bocas, para auxiliar na limpeza de nossos dentes. São copos e garrafas de inúmeros volumes, canudos, sacos plásticos, bolsas, fios, bolas, tubos de todas as bitolas, brinquedos e outros inúmeros formatos e para centenas de diferentes usos.”

Jornal da USP

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