A última reforma da Previdência endureceu as regras de acesso aos benefícios do INSS. Mais ainda, é hora de se preparar para um futuro saudável e com dinheiro no bolso, e é isso que mostrarei neste artigo.
Não é preciso desespero, mesmo com a última reforma da Previdência Social e as incertezas da aposentadoria do INSS, o participante de um Plano de Previdência Complementar (fechado ou aberto) poderá desfrutar, sim, de um futuro confortável, desde que se prepare seriamente até lá.
Quando se trata do planejamento da aposentadoria, o trabalhador deve refletir sobre seu real padrão de vida e o que deseja viver na vida pós-aposentadoria. Dessa forma, além de levar em conta aspectos como a manutenção da saúde e o preenchimento do tempo livre que terá à disposição, é imprescindível raciocinar em termos financeiros.
Considere o aumento da expectativa de vida do brasileiro
A população está vivendo cada vez mais e, pensando nisso, é importante refletir e se preparar de uma forma diferente do que no passado.
A expectativa de vida ao nascer no Brasil estava acima de 75 anos em 2015, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No início da década de 1980, essa estimativa era de 62,5 anos.
Ou seja, a tendência é de alta e o aumento na expectativa de vida é um fator importante a ser incluído no cálculo da renda para manter o padrão de vida desejável, exigindo assim maior provisão de capital para a aposentadoria.
Não dependa apenas da aposentadoria do INSS
A aposentadoria concedida pelo INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) tem sua importância, principalmente para os trabalhadores de classes sociais mais humildes. Para esses, os recursos da aposentadoria oficial podem se tornar a principal ou única fonte de sobrevivência.
Contudo, para os trabalhadores que recebem uma renda superior ao teto do INSS, é fundamental se conscientizarem de que o benefício de aposentadoria irá cobrir apenas uma parcela de suas despesas. Ou seja, não conseguirão com ela manter o padrão de vida atual.
O fato é que, ao longo das últimas décadas, algumas mudanças aconteceram, como a redução da renda para quem deseja se aposentar de maneira antecipada ("fator previdenciário") e o aumento da idade para aposentadoria de homens e mulheres. Essas ações visam evitar o colapso da previdência pública, tendo em vista a diminuição da taxa de natalidade e a crescente longevidade dos brasileiros.
Quanto economizar para a aposentadoria sustentável financeiramente
Não há fórmula mágica e, de maneira geral, a regra de ouro é começar a poupar desde cedo. Quanto ante se inicia a poupança, mesmo com valores pequenos, maior tempo você terá para acumular recursos.
Veja alguns exemplos e faça suas contas. Para se aposentar com 65 anos, considerando que a poupança começou aos 25 anos, o planejamento deveria prever no mínimo um valor equivalente à 10% da renda.
Para início com 35 anos, o valor subiria para 20%. Já aos 45 anos, seria preciso poupar em torno de 35% da renda e aos 50 anos, 50% da renda ou mais. Começando desde cedo, você adquire o hábito da poupança previdenciária e pode aumentar as economias de forma progressiva ao longo da evolução da capacidade financeira.
Prepare-se para gastar com saúde
Alguns estudos mostram casos em que as despesas do aposentado permaneceram iguais, ou até aumentaram, enquanto a renda decresceu consideravelmente. Pesquisas comprovam que a maioria dos aposentados não se prepara para assumir as despesas crescentes na área de saúde conforme a idade avança, fenômeno mais significativo quanto menor a renda.
Tenha reservas para novos dependentes pós-aposentadoria
Esta é outra reflexão necessária. Com o aumento da expectativa de vida e com casais se divorciando e se casando em idade madura, tendo filhos mais tarde e agregando enteados, é necessário incluir no planejamento o sustento de filhos em idade escolar com pais já aposentados.
Ou seja, hoje em dia existe maior possibilidade de manter dependentes financeiros por mais tempo do que algumas décadas atrás.
Cultive e realize sonhos
A manutenção de bons hábitos financeiros não se restringe ao planejamento de longo prazo. No meio do caminho, você pode -- e deve -- alimentar sonhos de curto e médio prazo.
Com a devida programação, se perceberá que todos de uma família podem cultivar prazeres dentro dos limites estabelecidos. Ao contrário de se desfazer de riquezas, isso aumentará o ânimo para a realização dos sonhos de longo prazo.
Por isso mantenha sempre a flexibilidade para alterar o planejamento. Dessa forma qualquer pessoa estará preparada para atingir o propósito da sua aposentadoria sustentável. Pense nisso!
Jusivaldo Santos - Presidente do Estado de São Paulo, do Comitê de Seguros e Previdência e Diretor Financeiro da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN).
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