As carrancas, as embarcações e os trilhos de trem que cortam a cidade de Juazeiro da Bahia são patrimônios que guardam sua história e contam sobre seu povo. Esses bens são celebrados hoje (17), Dia do Patrimônio Histórico e estudantes de escolas municipais de Juazeiro estão tendo a oportunidade de conhecer um pouco mais de perto a Cultura do Sertão do São Francisco, através da visita ao Museu Regional do São Francisco, que é uma ação do projeto 'Viagens no Tempo'.
As crianças da Escola Municipal Educandário João XXIII foram as primeiras a embarcarem nesta viagem, que iniciou dia (16) e chegará ao final no próximo dia 31.
A proposta é atender 100 crianças por dia, com duas sessões de 50 participantes, totalizando mil estudantes contemplados/as nos 10 dias de atividades. O apito da locomotiva toca às 08:30 anunciando que é hora da primeira turma iniciar sua viagem. Logo mais tarde, às 10h, o apito avisa que chegou o momento da segunda turma visitar o museu.
Durante o tour, as/os pequenos/as visitantes conhecem o acervo que contém fotografias, pinturas, equipamentos náuticos do Rio São Francisco, louças, estandartes, cartas, entre outras peças; e escutam e interagem com a contação de história que envolve o Velho Chico e suas lendas. Além da visita guiada, o projeto produziu um livrinho para distribuir para as crianças. O material educativo mostra outros pontos culturais da cidade e rememora a ida ao museu, a partir de atividades contextualizadas, como caça-palavras e espaço para desenhos. Toda essa metodologia visa fortalecer os laços dos/das estudantes com a cultura local e sua história, além de contribuir com a formação de futuros/as cidadãos e cidaãs que valorizem o patrimônio histórico e imaterial da região.
O trem que viaja no tempo-As crianças não esconderam o encantamento com o que viram. Um momento especial despertou o olhar curioso de Paula Fernanda, 10 anos. "A contação de história foi muito legal, a lenda do rio", conta a estudante que nunca tinha ido ao museu. "Eu não sabia que tinha um museu aqui", acrescenta. Na mesma turma, o estudante José Heitor, 09 anos, destaca os objetos como elementos que aguçaram seu olhar.
"As crianças sempre tem um olhar curioso e atento, muito encantado com os objetos, pois é algo anterior ao tempo deles. Muitas perguntaram de onde vinham e relataram já terem visto alguns objetos e imagens parecidas nas casas de seus avós ou na própria casa", comenta Mary Ane Nascimento, mediadora cultural que guiou a turma durante a visita.
Objetos que estão carregados de memória e elementos históricos podem contribuir para o processo de aprendizagem e para o desenvolvimento dos conteúdos curriculares trabalhados pelas escolas. "Essa iniciativa é de suma importância, até porque traz o resgate das raízes, das origens. Eu sempre valorizo muito o estudo do contexto. Estudar primeiro no contexto qual a criança está inserida para que ela conheça um pouco da sua história", declara o educador Emanuel Ferreira da Silva, que levou os alunos para o passeio. Ele complementa que a visita ajuda a compreender as questões antropológicas, históricas e sociológicas do território, afirmando que isso vai ajudar as crianças a "valorizarem esse momento atual, valorizarem mais o local onde vivem".
A gestora da escola contemplada, Cristiana Coelho, acrescenta que a contação de história, realizada pela Trup Errante, enriquece ainda mais a atividade. "A contadora traz para nossas crianças as lendas do Velho Chico, de uma forma que os alunos brilham o olhar e a gente percebe realmente que eles entenderam. O encantamento é de uma maneira assim brilhante", afirma a gestora.
A seleção das escolas se deu a partir da Secretaria Municipal de Educação, parceira do projeto, que foi aprovado no Edital Setorial de Museus 2019 do Fundo de Cultura da Bahia e Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia - IPAC. 'Viagens no Tempo' é realizado pela Pipa Produções e conta com a parceria do Museu Regional do São Francisco. Para Rosy Costa, diretora do museu, a proposta do projeto é interessante e, no formato que está sendo executado, coopera para fortalecer a visão dos instrumentos culturais como espaços vivos. "A movimentação com as crianças, com as escolas é muito boa. Os espaços são vivos, é um trabalho muito legal", declara Rosy.
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