A juventude de vários territórios de identidade da Bahia que fazem parte do Consórcio das Juventudes do Semiárido esteve reunida no Centro de Formação Dom José Rodrigues em Juazeiro, no início deste mês.
Na pauta, o debate sobre a valorização das comunidades e o fortalecimento da cultura de paz a partir da organização da juventude. Para Tarides Alves, da comunidade Vereda das Minas, em Remanso-BA, o encontro despertou para a valorização do seu lugar e encheu sua imaginação de possibilidades.
Segundo Tarides, a apresentação da jovem Manuela Conceição, educomunicadora do grupo Carrapicho Virtual, trouxe “um caminhão de ideias e conhecimento” que podem ser replicados. A comunidade de Tarides já desenvolve ações que fortalecem o protagonismo da juventude. “A gente fez uma associação de jovens”, conta a participante do evento, que destaca o estímulo aos mutirões comunitários como contribuição para o fortalecimento da organização juvenil.
Robéria Santos, do Assentamento Nova Esperança, em Cansanção-BA, defende a participação da juventude no pensar a sociedade. “A gente precisa pensar projetos que tenham a nossa mão envolvida”, aponta a jovem. “Esses dois dias foram, sem dúvidas, muito ricos. A partilha, o ensinar e o aprender são combustíveis para construção de novos caminhos de mudança”, complementa. A jovem conta que sempre leva os aprendizados para compartilhar com sua comunidade e que “depois do consórcio a gente já conseguiu montar o nosso grupo de jovens” que realizou ações como a construção de viveiros e cinemas populares na comunidade.
Para Renê Matos, secretário de Juventude do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintraf) de Araci-BA, um dos grandes diferenciais para o Consórcio é a diversidade de realidades em que vivem as/os jovens que integram a organização. Segundo Renê, o encontro em Juazeiro ajudou a enxergar melhor as potencialidades das comunidades. “Muitas vezes, a gente vive a nossa realidade, mas não conhece ela por completo”, evidencia. Renê conta ainda que a identificação com a ideia do consórcio foi imediata. “De cara eu me identifiquei com o consórcio”, explica ele fazendo a relação entre seu trabalho e a proposta da organização de jovens.
O Consórcio é articulado pela Escola Família Agrícola do Sertão (Efase), Movimento de Organização Comunitária (MOC) e Serviço de Assessoria a Organizações Populares Rurais (Sasop). De acordo com Robervânia Cunha, educadora popular do Movimento de Organização Comunitária (MOC), “o objetivo é trabalhar o protagonismo das juventudes voltado para a Educação Contextualizada, voltado para a participação social e a questão da cultura de paz”. Vaninha, como é conhecida a educadora, avalia o evento como “uma atividade muito rica, com troca de experiências maravilhosas”.
Cultura de paz-Um dos temas estudados na formação foi a cultura de paz, assunto que, em tempos de ódio e violência, chama atenção pelo nome e que, na prática, ainda carece de envolvimento da sociedade. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) alerta que a “violência no Brasil é uma das maiores preocupações da sociedade. Os índices de violência e de insegurança, especialmente nos grandes centros urbanos, aumentaram nas últimas duas décadas”.
O organismo que faz parte da Organização das Nações Unidas (ONU) expõe que “a pobreza, a desigualdade e a injustiça social se refletem na contínua violação dos direitos humanos, incluindo o direito à vida e à segurança”. Na visão de diversas organizações sociais, o caminho para a paz passa pelo respeito aos direitos, como o acesso à água, à terra, ao saneamento, à educação pública e de qualidade, a cultura de paz “é basicamente a garantia dos nossos direitos”, resume Rêne.
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