Quadrilha junina “Brilho de Vagalume”, de Uauá-BA
Nada mais próprio e adequado para definir os sentimentos deixados pela festa de São João, durante alguns dias, do que a palavra “ressaca”, seja por representar o sentido etimológico do “mal-estar causado pela ingestão excessiva de bebidas” ou ainda pela “indisposição causada por ter passado uma, ou várias noites, sem dormir”;
Após dois anos de uma boa tradição ter sido interrompida pela Pandemia do COVID-19, o retorno dos festejos foi permitido pelo arrefecimento, quem sabe temporário, das suas graves consequências, controlada face ao uso da vacina e outros cuidados protocolares.
A queda dos índices registrados, que muitos afirmam ser decorrente dos interesses políticos do ano eleitoral, pelo menos favoreceu o retorno da alegria durante alguns dias, e permitiu que em todas as cidades interioranas, principalmente, ocorressem verdadeiros êxtases nos reencontros entre amigos e familiares, cheios de vibrante empolgação, após longas ausências, na maioria dos casos.
O som delicioso do forró predominou em todos os ambientes nos quais se esteve. Os trajes bastante coloridos e os pratos típicos com grande ascendência no uso do milho, são características marcantes e indeléveis dessa linda festa. Embora os Festejos Juninos, aqui no Brasil, sejam predominantemente nordestinos, a sua origem veio dos colonizadores portugueses, que nos trouxeram essas tradições bastante populares da Península Ibérica (Portugal e Espanha), como já foi registrado na crônica anterior.
É interessante observar como esse tipo de festa inspira o espírito de paz, geradora de muito sorriso alegre e espontâneo das pessoas, chegando a transparecer uma certa dose de ingenuidade e ausência de maldade entre os participantes. Cheguei a observar que, embora no “Arraia do Conselheiro” em Uauá, o policiamento esteve bem representado pela PM, não se percebia na quadra qualquer cena de violência. Esse é um clima de paz bastante diferenciado de outras festas populares.
Como é bom ver as apresentações das quadrilhas juninas uma vez que se destacam por exibirem as habilidades artísticas de crianças, jovens e adultos, com danças revestidas de muita arte, e nas quais valorizam a cultura regional com graça e beleza.
Um registro que devemos fazer é sobre as despesas oficiais para os gastos de organização do evento, obviamente inevitáveis, compensados com o impressionante número de visitantes em cada cidade, egressos de centenas de outras cidades. Indiscutivelmente, ativam a economia local com o dinheiro novo que chega, o que traz enorme volume de negócios aos seus comerciantes de todas as áreas, deixando números positivos como resultado.
Outro mérito dessa festa tão contagiante, é permitir que por um breve momento os problemas sejam colocados de lado e os políticos em campanha sejam brevemente esquecidos, embora nem tanto assim, porque aqui em Uauá os Deputados que representam o município distribuíram apertos de mão e os tradicionais tapas nas costas, não importando de onde era o eleitor... Ou seja, eles não perdem oportunidade, principalmente, nesse ano que estão precisando de nós!
Ainda que não seja verdadeira a concepção de que o vírus foi derrotado e não mais está por aqui, a realidade é que durante os festejos quase totalidade da população abandonou qualquer protocolo de proteção, para dizer bem alto e com todas as letras: VIVA SÃO JOÃO!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Salvador-BA.
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