Imagem do São João de 2019 na fria cidade de Maracás-BA
No instante em que procurava mais um tema semanal, em meio a tantos que o cenário político oferece a qualquer cronista do cotidiano, eis que a mente me lança um leve desafio e uma gostosa provocação: por que não abordar a respeito dos excitantes efeitos da Festa Junina sobre a sociedade nordestina?
A reação positiva foi repentina, porque é o tipo de festa que transfere espontaneidade, alegria e abundante carga de energia, além de fartamente exibir uma notável riqueza das tradições culturais de uma vasta região desse nosso Brasil: o Nordeste brasileiro!
Mas, antes de falar dos fluidos positivos que emanam dessa festividade regional, é importante trazer um pouco de informação histórica do seu significado, de maneira a complementar e enriquecer os conhecimentos do leitor sobre a origem de uma festa tão cheia de simplicidade, mas com uma potencialidade incrível em transferir alegria ao seu povo.
Em princípio, como historicamente se comenta ser uma festa típica do Nordeste, para a maioria deve haver um falso convencimento de que a sua origem é brasileira e, jamais admissível, que “a festa junina chegou ao Brasil no Século XVI, e eram tradições bastante populares na Península Ibérica (Portugal e Espanha) e, por isso, trazidas para cá pelos portugueses durante a colonização, assim como muitas outras tradições. Quando introduzida no Brasil, a festa era conhecida como “Festa Joanina”, em referência a São João, mas, ao longo dos anos, teve o nome alterado para “Festa Junina”, em referência ao mês no qual ocorre, junho” (SILVA, Daniel Neves. “Origem da festa junina”; Brasil Escola).
Assim, pelo natural processo de evolução dos tempos, a festa teve mudada a sua nomenclatura, e a inspiração inicial vinculada ao Santo São João, dava uma conotação de festa com sentido religioso. Porém, ela não perdeu totalmente a sua identidade porque, na maioria das cidades do nordeste, a festa se realiza em praças próximas da Igreja, ou a sua programação religiosa está diretamente conectada com a realização de Novenas e os mesmos grupos da sociedade católica que patrocinam a organização da festa profana em cada dia da semana (Dia dos Vaqueiros, Viúvas, Jovens, Humildes, Comerciantes, Motoristas, Comunidades Rurais, etc.), são os mesmos que têm participação direta durante as missas no período junino. Essa é uma tradição, por exemplo, que ocorre na cidade de Uauá, que muito conheço e tenho um carinho especial, e onde vou ter novamente o prazer de vivenciar e recordar sua festa junina, presencialmente, depois de dois anos de um junho melancólico na cidade.
Como se trata de uma festa tipicamente interiorana, é fascinante ver o volume de gente que se desloca da Capital para as cidades consagradas como de grande tradição junina, provocando reencontros com empolgantes cenas de alegria e felicidade.
A decoração típica nas casas e praças, cheia de cores e muita criatividade, revela uma invejável cultura artística, e as músicas trazem o linguajar típico do sertanejo. A naturalidade empolgante do forró dançado, e cheio de nordestinidade, completa o ciclo dessa agradável e bela tradição chamada São João!
Ainda no mês de junho, temos os dias dedicados a Santo Antônio e São Pedro, que completam as festividades juninas e que, quando terminam, deixam em todos nós uma tripla saudade e aquele gostinho de venha mais…!
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Salvador-BA.
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