Este ano a Igreja de São João Batista do Araripe completa 154 anos. A professora Thereza Oldam de Alencar é a autora do livro Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-Pernambuco (Sesquicentenário 1868-2018) que revela a história de fé que envolve a Igreja, localizada no município de Exu, Terra de Luiz Gonzaga. A Igreja está localizada cerca de 20 km distante da sede do município.
Este ano mais uma vez a fé é renovada com a realização da Noites de Novenas Juninas. O evento é repleto de beleza e cultura, aliada a fé e esperanças. Conforme mostra foto acima, a Banda de Pífe é presença marcante. De acordo com a escritora Thereza Oldam, "o grupo de zabumbeiros e pifeiros pontuam historicamente os festejos juninos da Igreja de São João Batista do Araripe e é tradição familiar, contemporÂneo da inauguração em 1868".
Lourival Neves de Souza, Seu Louro do Pife, é octogenário, e até hoje é presença dos festejos juninos na Fazenda Araripe.
A Igreja de São João Batista do Araripe, conforme relato do livro remonta a trajetória do Barão de Exú, bisavô da autora, que construiu a igreja como pagamento de uma promessa ao santo, e relembra as tradições e festejos até os dias atuais. Também traça a história da família Alencar, importante na política da região.
Vivendo em Exu, Thereza Oldam revela que escreveu o livro à mão, durante quatro anos de pesquisas e entrevistas.
“Fui juntando peças e ouvindo a voz da tradição. Entrevistei octogenários que guardavam importantes informações e fui vendo se formar, diante de mim, uma linda história de amor e fé. Foram quatro anos de pesquisa e peleja, andando, trabalhando e trabalhando. E, também, me baseei em o que minha mãe – nora do Coronel João Carlos, criado pelo Barão – escreveu”, conta Thereza.
A história começa com a chegada dos Alencar, vindos de Portugal, ainda no século XVII, e vai até o Barão de Exú, Gualter Martiniano de Alencar Araripe, nas fazendas Araripe e Caiçara. Com o “caos de dor” trazido pela epidemia de cólera no Crato, vizinho a Exu, entre 1862 e 1864, o Barão fez uma promessa a São João, para que a doença não se alastrasse por seu povo. Com a graça alcançada, o fazendeiro iniciou a construção da igreja, inaugurada na véspera do Dia de São João em 1868.
Em seu testamento, deixou expresso que seus descendentes cuidassem da igreja.
Os 154 anos do Araripe também se entrelaçam com a vida de outro conhecido morador de Exu: Luiz Gonzaga. A bisavó do Rei do Baião se abrigou na Fazenda Caiçara, também do Barão, durante a peste de cólera. Foi na igreja que os pais de Gonzagão, Januário e Santana, se casaram. Gonzaga eternizou os 100 anos da igreja na canção “Meu Araripe”. Foi Thereza, a autora do livro, quem escreveu, inclusive, a apresentação do disco “São João do Araripe”, em 1968.
“Meu sonho é que a história dessa igreja seja disseminada por todos. Pelos devotos, pela nossa família, por Exu, por Pernambuco, pelo Brasil. É uma história simples e verdadeira e não pode ser esquecida. É um santuário de fé, patrimônio histórico e cultural do povo de Exu. Não é só um prédio bonito. Sua argamassa é feita de amor e fé”, conclui a autora.
Dividido em 12 capítulos, “Igreja de São João Batista do Araripe, Exu-PE – Sesquicentenário (1868/2018)” faz um passeio detalhados sobre esses 150 anos, misturando a história dos Alencar, dos Gonzaga, do município de Exu e do povoado do Araripe. Sua última parte, intitulada “Memorial Idílico do Araripe”, conta com depoimentos de 33 personalidades da região ou que têm uma relação de carinho com o lugar. Entre eles, o jornalista Francisco José e Dominique Dreyfus, biógrafa francesa de Luiz Gonzaga.
O livro tem prefácio escrito pelo advogado Dario Peixoto, filho de Thereza, e orelha da capa escrita pelo ator e humorista piauiense João Claudio Moreno. A contracapa tem autoria do marido da autora, Francisco Givaldo Peixoto de Carvalho, também escritor. E a orelha da contracapa, com perfil biográfico da autora, foi escrito pelo poeta e escritor cearense José Peixoto Júnior.
ZÉ PRAXEDES: A Igreja tem entre os devotos fiés um grupo de amáveis pessoas que, de tão assíduas, de tão abnegadas, tornaram-se conhecidas e queridas. José Praxedes dos Santos, seu Zé Praxedes e a Banda de Pífanos são bons exemplos.
Zé Praxedes nasceu no dia 5 de janeiro 1932 e agora tem 90 anos.
Ano passado, auge da pandemia Covid-19, numa conversa com José Praxedes dos Santos, este é o nome de batismo, ele não conseguiu responder a pergunta se Exu já tinha vivido um momento assim, de isolamento social: Seu “Zé Praxedes chorou.
Zé Praxedes possui nestes 90 anos de vida, uma caminhada marcada pelo vínculo com a família de Luiz Gonzaga. Vaqueiro. Durante décadas trabalhou prestando serviços a “Seu Januário”, pai de Luiz Gonzaga. Praxedes é citado como sendo um “exímio dançador de forró e homem justo”, no livro da professora Thereza Oldam Alencar, “Igreja de São João Batista do Araripe-Exu, Pernambuco-Sesquicentenário (1868-2018).
“Seu Praxedes é um dos Patrimônios Vivos da Cultura Gonzagueana. Seu universo é Exu, o Parque Asa Branca, o Araripe de São João Batista, o Sítio Ubatuba e Monte Belo, a Fazenda Caiçara, a Igreja de São João Batista, o Parque Aza Branca…”Seu Praxedes ” está presente em todos os momentos. É amor explícito, sem palavras. Sua presença tem voz. Cada pedaço desse mundo é Exu, os mistérios encantados da Chapada do Araripe”.
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