Foi aberta em Natal (RN) a Feira Nordestina de Agricultura Familiar. O evento de abertura contou com a presença de representantes de governos, sindicatos, associações da agricultura familiar, universidades, instituições de pesquisa e movimentos populares. A tônica dos discursos de inauguração foi a crítica ao desmonte de políticas públicas das gestões de Jair Bolsonaro (PL) e Michel Temer (MDB) para o setor, que é fundamental para o combate à fome no país, e a defesa da importância do fortalecimento de políticas para a agricultura familiar.
Maria Aparecida Pereira da Silva, conhecida como Cida do MST, moradora do assentamento Normandia em Caruaru (PE), falou sobre o contexto de aumento da fome no país e como a agricultura familiar e a reforma agrária podem contribuir para auxiliar a produção de alimentos saudáveis.
"Tivemos três anos de muito retrocesso e perda de direitos. Nós viemos contrapor o projeto que está aí no poder, dizendo que a agricultura familiar é possível e também pensando em um projeto de país daqui para a frente. A gente sabe que a agricultura familiar é que sustenta e que coloca alimento na mesa do trabalhador no Brasil inteiro, pois o que o agronegócio produz é para exportação. O agricultor produz para alimentar o povo brasileiro", defende Cida, que compõe a direção nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em Pernambuco.
"A gente acredita que a agricultura familiar, através do alimento saudável, da agroecologia, do orgânico, pode trazer não só o alimento, mas a saúde e a vida. Isso é muito importante para nós, enquanto classe trabalhadora: preservar a vida de cada um e cada uma", acrescenta.
Em entrevista ao Brasil de Fato, a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, também criticou políticas adotadas pelo governo federal sobre o preço dos combustíveis, que tem aprofundado o cenário de crise em conjunto com a inflação de alimentos.
"Temos esse retrato combinado, o desemprego, a fome e a inflação de alimentos. Onde já se viu o botijão de gás ultrapassar R$ 130, R$ 140?", questiona. "E o pior, o mais revoltante, é ainda querer enganar o povo brasileiro bancando iniciativas como a que o Congresso Nacional acabou de aprovar, de redução dos impostos, como se isso fosse resolver o problema do preço altíssimo dos combustíveis".
Degustação e venda de produtos da agricultura familiar e da economia solidária, festival gastronômico, encontros, palestras, seminários e muitas atrações culturais. É com essa oferta de atividades que a capital potiguar recebe a primeira edição da Feira Nordestina de Agricultura Familiar e Economia Solidária (Fenafes), que funciona até domingo (19). O evento é gratuito.
A feira, que está sendo chamada de "A Grande Festa da Colheita", acontece no Centro de Convenções de Natal (Via Costeira, s/n, Ponta Negra). Apesar do acesso livre para as atividades destinadas ao público em geral, é preciso se inscrever para garantir vaga e receber certificado de participação. Para isso, basta clicar neste link e preencher o formulário. No mesmo site é possível ter acesso à programação completa.
Pela manhã, acontecerá a programação formativa. A exposição e venda dos produtos, assim como as atividades culturais, estão programadas para acontecer a partir das 16h, até sábado. Estão confirmados nomes como Lia de Itamaracá, Mariana Aydar, Mestrinho, Carlinhos Zens, Cida Lobo, Circuito Musical, Deusa do Forró, Zé Hilton, Maciel Salú e Siba.
A organização estima que a primeira edição da Fenafes deve ter participação de mais de 150 cooperativas e associações, somando mais de 500 expositores. No total, cerca de 10 mil participantes são esperados no Centro de Convenções de Natal nos cinco dias de evento.
O evento pretende fortalecer iniciativas que garantam a integração de políticas públicas articuladas em torno do Programa de Alimentos Saudáveis do Nordeste (PAS/NE), além de ser um espaço de troca de experiências sobre políticas públicas de apoio à agricultura familiar já em curso na região, envolvendo governos e movimentos populares e fortalecendo o cooperativismo solidário e o processo de comercialização.
Entre os temas que serão debatidos nas atividades de formação (como palestras, oficinas e cursos) estão acesso à terra; sistemas agroalimentares e produção de alimentos saudáveis; agroecologia; assistência técnica e extensão rural e acesso ao crédito; mudanças climáticas; e protagonismo feminino.
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