Com unidades lotadas de pacientes com dengue, o sistema de saúde pública de Natal está perto de um colapso, segundo afirmou o secretário de Saúde, George Antunes, nesta sexta-feira (20).
"Um recado para a população: Nós não podemos adoecer. Não temos sequer esse direito, porque todas as nossas instalações estão lotadas. Ou nós fazemos nosso dever de casa enquanto cidadãos, ou vamos ter problemas mais sérios do que já temos. Podemos entrar em colapso muito em breve", disse.
A fala foi dada em entrevista em Bom Dia RN, da Inter TV Cabugi. George cobrava a atenção da população às medidas de prevenção à proliferação do mosquito Aedes aegypti, transmissor de doenças como dengue, zika e chikungunya. O município decretou epidemia por causa da dengue e criou um gabinete de crise no último dia 11 de maio.
Já o governo do Rio Grande do Norte decretou situação de emergência pelo aumento de casos de dengue, zika e chikungunya nesta sexta-feira (20).
O estado teve mais casos de dengue de janeiro a abril do que em todo o ano passado.
De acordo com Antunes, Natal está com 120 leitos de internação clínica abertos e não tem como expandir a rede de assistência.
"Nunca existiu esse volume de leitos, fora o período da Covid. E isso não cabe, não se sustenta financeiramente, não temos mais para onde ampliar", disse ele. Antes da pandemia da covid-19, o município contava com 60 leitos desse tipo.
Ainda de acordo com o secretário, Natal vai ampliar a capacidade da atenção primária, com abertura de unidades com atendimento em escalas de 12 horas por dia. Além disso, estuda implantação de um sistema de "internação domiciliar".
George Antunes também cobrou ações de municípios vizinhos. Segundo ele, grande parte da demanda nas unidades de saúde são de pessoas que moram na região metropolitana.
"Nossas UPAs estão lotadas e em parte se deve aos municípios vizinhos que não têm o mínimo para atender essa população", pontuou.
O secretário apontou que outra situação que agrava a epidemia é falta de medicamentos como dipirona e soro fisiológico, por parte dos fornecedores, a nível nacional.
Pacientes esperaram até 12 horas para serem atendidos na Unidade de Pronto-Atendimento de Potengi, na Zona Norte de Natal. Foi o caso da vendedora Luana Faustino, que chegou à unidade pela manhã e só saiu à noite.
Como ela estava com um quadro leve, pacientes em situação mais grave passaram à frente na fila de espera.
A unidade registrou 4 horas de espera média para os pacientes classificados na cor azul da escala de risco. Nas últimas duas semanas, a UPA tem registrado mais de 400 atendimentos diários.
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