"É muito gostoso esse nosso aconchego (...) essa nossa alegria de ser feliz". Na Bahia, o Encontro Estadual da Articulação Semiárido fez vibrar o canto e os afetos depois de tanto tempo sem se encontrar presencialmente. Juntas/os os representantes das 32 organizações que participaram desse momento especial fizeram uma grande roda abraçados e recitando estes versos que narram o sentimento comum de luta pela vida com dignidade, alegria e garantia de direitos.
Além de rever amigos/as e conhecer novas pessoas dessa rede que está em constante transformação, o Encontro Estadual, realizado nos dias 28 e 29 de abril, teve também o papel de ser um espaço para proposição de políticas públicas que vão ser apresentadas pela ASA Bahia às candidatas e candidatos às eleições de 2022. "É um grande momento de animar e alimentar as esperanças de um estado melhor, de um país melhor para os povos do Semiárido", explicou Cícero Félix, da coordenação da ASA.
Nos últimos anos, os cortes no programa Cisternas, o desmonte das políticas de combate à fome, a fragilização do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foram algumas das medidas do Governo Federal que retiraram direitos dos povos e comunidades tradicionais, com retrocessos a aprofundar as desigualdades, produzir violências e ameaças.
Também têm sido criminalizados os movimentos sociais e populares, com ataques aos grupos que lutam por terra e moradia. Temas que foram discutidos no debate de conjuntura política durante o Encontro Estadual. "A gente fez uma reflexão sobre a conjuntura da Bahia e do Brasil, analisando de que forma a ASA se coloca na luta por direitos e também de todo esse processo de reconstrução da Democracia no nosso país", destacou Célia Firmo, da coordenação do Fórum Baiano da Agricultura Familiar (FBAF).
Diante deste momento crucial que é o processo eleitoral, a ASA Bahia defendeu em plenária pautar as candidatas e candidatos às eleições, principalmente a partir do Plano Estadual de Convivência com o Semiárido, publicado no último dia 26. Dentre os temas prioritários do documento, foi defendida a necessidade de ampliar o acesso à água nas comunidades rurais, com a retomada das políticas para construir cisternas; regulamentar o acesso à terra dos povos indígenas, quilombolas, agricultores/as e outros de comunidades tradicionais; expandir o saneamento básico; fomentar a geração de energia solar; defender a aprovação e implementação da política de Agroecologia na Bahia.
Como diz o grito de luta da ASA, "É no Semiárido que a vida pulsa, é no Semiárido que o povo resiste!". E com esse sentimento, de quem enfrenta desafios e disputas políticas, é que a ASA Bahia se mobiliza na busca da retomada dos processos pela democracia. Contexto em que também é prioritário o debate da comunicação como direito. Por este motivo, ainda antes do início do Encontro Estadual, o coletivo de comunicação da ASA Bahia se reuniu e trouxe para o evento propostas de pautas a serem defendidas. Com a plenária, ficaram estabelecidas diretrizes para também compor as prioridades da ASA Bahia. Dentre elas, o fortalecimento da comunicação comunitária e a ampliação da cobertura da TVE, com espaço para divulgação dos movimentos sociais.
No Encontro Estadual, não faltaram ainda os momentos de sarau e noite cultural, regados de poesias, versos e músicas que cantam as riquezas do Semiárido, os protagonismos dos povos, além de fazer ver a mudança de paradigmas. É com o desejo de manter resistente e forte um projeto que valoriza e faz ressoar as lutas dos movimentos sociais e populares que a Bahia se insere na defesa de direitos e se organiza para participar, no final do mês de maio, da plenária nacional da ASA e dos espaços de debate de políticas públicas com as candidatas e candidatos às eleições. Serão também realizadas reuniões ampliadas com organizações da Articulação do Campo para juntas somarem demandas e temas estruturantes que precisam ser pleiteados.
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