Artigo - Tolerância Zero Total

28 de Apr / 2022 às 23h00 | Espaço do Leitor

O sistema de convivência dos seres humanos está em crise, porque evidências deixam nítido a falta de tolerância entre as pessoas. A intolerância permeia as diversas classes sociais. Ela está enraizada nas entranhas do orgulho e da soberba sendo um grande desafio a ser resolvido ainda nesse século.

A palavra intolerância vem do latim significando literalmente a “impaciência, incapacidade de aguentar”. Em relação a isso, vale considerar que a expressão “tolerância zero” nunca esteve tanto na moda como atualmente. A forma de discriminação, através da intolerância, é observada na política, religião, no controle social, racismo, sexismo, discriminação por idade e assim por diante.

Quando falamos sobre as inúmeras formas de atuação da intolerância, na nossa sociedade, percebemos a decadência da humanidade. A esse respeito, Giacomo Leopardi, destacou que "nenhuma qualidade humana é mais intolerável do que a intolerância". A impaciência reina nos corações intoleráveis e faz acepção de pessoas, causando-lhes profundas crueldades.

Para a princesa Diana "o maior problema do mundo atual é a intolerância. Todos são tão intolerantes uns com os outros". Ademais, uma pessoa intolerante é capaz de excluir definitivamente os indivíduos que não comungam dos mesmos ideais dela. Isso é o “tolerância zero total”. Ninguém é obrigado a concordar com as convicções alheias, porém o respeito à diversidade deve ser assegurado.

Não existe intolerância insignificante. Ela mata sonhos e vidas. O desafio é sair da ilusão hipócrita do sistema opressor. Charles Chaplin disse que "se matamos uma pessoa somos assassinos. Se matamos milhões de homens, celebram-nos como heróis". Já parou para pensar nisso meu amigo? Estamos vivendo na era da inversão de valores. O certo ficou errado e o errado ficou certo. Por isso, Santo Agostinho expressou que "tão cegos são os homens, que chegam a gloriar-se da própria cegueira!". Ou seja, ser um ignorante no universo dos intolerantes é ser viável e legal. A esse respeito, Platão nos orienta que "muitos odeiam a tirania apenas para que possam estabelecer a sua".

Considerando a fragilidade dos seres humanos é salutar afirmar que o orgulho ofusca a visão realista, dos nossos pontos fracos, promovendo o império da escravidão. O pior tipo de escravidão é a inconsciente, porque o escravizado defende os seus opressores e agride a quem almeja libertá-lo.

Somente com o reconhecimento do real tamanho, o ser humano, pode discernir as suas mazelas. Concernente a isso, o pai da psicanálise, Sigmund Freud disse que "de erro em erro, vai-se descobrindo toda a verdade". Entretanto, o segredo do autodescobrimento, é inerente ao nível de vontade que o ser possui. Carlos Drummond de Andrade, para acalentar os ânimos, alertou que "há campeões de tudo, inclusive de perda de campeonatos". Por isso, não se desespere quando as coisas estiverem desmoronando, amanhã é um novo dia.

A intolerância é um termômetro da falta de amor entre as pessoas. Às vezes somos intolerantes por ignorância ou mesmo por maldade. Pitágoras relatou que "os homens são miseráveis porque não sabem ver nem entender os bens que estão ao seu alcance". É por esse motivo que a busca pelo autoconhecimento se torna primordial às realizações dos humanos. Sendo que a virtude fundamental do ser humano é a fraternidade universal.

A mudança da intolerância à tolerância exige sentimentos nobres. Primeiramente, não custa dizer que, o que não queremos para nós não devemos distribuir com os outros. Para fortalecimento dessa ideia Sêneca aponta que "se quer ser amado, ame". Não se entregue ao fracasso. Por gentileza, levante-se e siga. Fernando Pessoa não deixou passar essa oportunidade e externou que "tudo vale a pena quando a alma não é pequena". E Carl Jung, estimulando a transformação interior do ser humano, disse que "se você vira as costas para as suas próprias sombras elas não deixam de existir". Lute e vença.

Estritamente expresso, o ser intolerante carrega no seu âmago toneladas de maledicências. Por isso, vale considerar que a origem da intolerância vem desde os primórdios. Dessa forma, Machado de Assis diz que “não é a ocasião que faz o ladrão, o provérbio está errado. A forma exata deve ser esta: a ocasião faz o furto; o ladrão já nasce feito”.

Diante da temática sobre intolerância e as propostas de intervenção, verifica-se que a bondade quando está ligada intimamente ao poder promove a benevolência com mais intensidade. O poder em si não é uma coisa ruim. Ele não corrompe. Na realidade o ser humano é corrompido e o poder só dar oportunidade de manifestação dessa corrupção. Portanto, é bom recordar que somos iguais e não temos procuração para massacrar o próximo em detrimento do nosso ego. Lembre-se de que o terreno da vida é muito fértil. Ninguém é obrigado a semear, porém tudo que nós plantarmos um dia vamos colher.

Josiel Bezerra - Professor de Biologia - Mestrando UPE (Universidade de Pernambuco) - Ciência e Tecnologia Ambiental.

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