Como será o mundo se as coisas continuarem sendo como são? Se metas e compromissos firmados não forem cumpridos? Por quanto tempo o planeta será habitável? Esses são questionamentos que podem gerar inúmeras reflexões e cujas respostas podem não ser tão imediatas. Mas,uma coisa é certa: como apontam cientistas e pesquisadores, as mudanças climáticas, caso não sejam vistas com a devida atenção, vão afetar, e muito, a vida das gerações futuras.
No início do mês, um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que as emissões globais médias de gases de efeito estufa bateram recorde e atingiram os níveis mais altos da história.
Segundo o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), as emissões aumentaram 12% entre 2010 e 2019, gerando 59 bilhões de toneladas de gases emitidos.
Caso as emissões sejam mantidas, afirma o documento, o aquecimento global médio pode chegar a 3,2 °C até 2100, mais que o dobro da meta prevista no Acordo de Paris, aprovado em 2015, que tem como um dos objetivos limitar o aumento de temperatura a 1,5ºC.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, alertou que o planeta segue um caminho rápido para um desastre climático, que pode ter como consequências cidades debaixo d’água, ondas de calor sem precedentes, tempestades aterrorizantes e falta de água generalizada, além da extinção de um milhão de espécies de plantas e animais.
Como explica o professor de Meteorologia Geber Barbosa, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), o aquecimento é fruto de vários fatores. “O aquecimento global tem a ver com o aumento dos gases de efeito estufa, que são basicamente o gás carbônico, o metano. A poluição contribui e isso também está relacionado com indústrias pesadas e com as matas, as florestas, sendo queimadas”, disse.
É importante, acrescenta Barbosa, também pensar e agir em âmbito local, reduzindo, por exemplo, práticas nocivas a vegetações regionais: “Quando você vai para o Sertão, você percebe que já há um aumento de temperatura. Isso ocorre devido ao desmatamento daquela região e é muito importante proteger o solo”.
A longo prazo, uma das consequências das mudanças climáticas é o aumento das chuvas, com temporais de alta intensidade. “A gente já está sentindo esse efeito. A gente percebe, nos dados que a gente tem monitorado, que a quantidade de chuva acima de 100 milímetros está sendo mais frequente nesta década do que na década de 1960, por exemplo. Isso também está associado tanto a questões climáticas globais, como também a questões climáticas locais”, destacou Thiago do Vale, meteorologista da Agência Pernambucana de Águas e Clima (Apac).
Em março, inclusive, cidades da Região Metropolitana do Recife registraram elevados níveis de chuva, com volumes acima do esperado para o período, e há chances de as tempestades mais intensas se tornarem ainda mais frequentes.
O aumento da temperatura, alerta o meteorologista, além de ampliar a frequência de chuvas mais intensas, pode também reduzir a quantidade de chuvas regulares, essenciais para a vegetação e abastecimento de reservatórios, e ocasionar estiagens mais duradouras.
“Você vai ter períodos mais longos sem chuva, mas quando tiver a possibilidade, elas serão chuvas com mais intensidade, então a gente não terá uma regularização. Isso vai fazer com que o Sertão fique mais árido, a gente tenha menos aporte de água, e quando tiver mais água essa chuva vai ser muito maior, o que pode causar mais erosões, o que vai fazer com que haja uma desertificação. E na região do Agreste, por exemplo, pode virar uma aridificação. Regiões do semiárido a tendência é ficarem mais secas, em alguns locais pode até virar deserto mesmo”, analisou.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.