Perda de peso, pelagem feia, diarreia, anemia, redução da fertilidade, queda na produção de leite e carne são alguns dos problemas provocados pelas verminoses em caprinos e ovinos, que ocasionam prejuízos ao sistema de produção de agricultores/as.
Para mudar esse cenário, o controle natural das verminoses, com plantas da caatinga, é uma alternativa de prevenção utilizada no lugar dos remédios químicos que causam dependência nos animais.
O controle natural das verminoses foi um dos temas escolhidos pelas comunidades de Salãozinho, Cabeça da Serra, Queimado do Manel e Jatobá, no município de Casa Nova. Algumas famílias acompanhadas pelo projeto de assessoria técnica e extensão rural, Ater Agroecologia, apontaram dificuldades em manter ou melhorar a qualidade dos seus rebanhos, que, em muitos casos, apresentam sinais de doenças provocadas pelas verminoses.
Para o tratamento das enfermidades podem ser usados remédios alternativos que os/as agricultores/as podem produzir com baixo custo, com elementos que existem na propriedade das famílias, como explica o colaborador do Irpaa, Alessandro Santana. “O controle natural de verminose em caprinos e ovinos é uma prática que a gente tem incentivado nas comunidades assessoradas, pois no início das chuvas é comum os animais desenvolverem vermes no seu organismo, que em grande quantidade podem causar perdas e problemas. Para evitar essa disseminação de vermes no organismo, a própria Caatinga nos possibilita [o acesso aos] remédios naturais que vão ajudar a evitar e combater para não haver essa perda de produção para os/as criadores/as”.
Os/as agricultores/as aprenderam como fazer e disponibilizar aos caprinos e ovinos, remédios naturais produzidos com alimentos encontrados na Caatinga, como expõe o colaborador do Irpaa, Darlei Rodrigues. “Trouxemos alternativas acessíveis que [os/as agricultores/as] podem conseguir na comunidade e produzir o chá da catingueira [conhecida também como pau de rato], sal vermífugo e sal vitamínico, trazendo uma qualidade para os seus animais, sem precisar usar produtos químicos, para manter os animais livres da verminose”. No encontro as/os agricultoras/es foram orientadas/os a observar a cor da mucosa do olho, para verificar quais animais estão com anemia, pois este é um indicador da presença de verminose.
Sobre esses conhecimentos compartilhados, a agricultora Rosangela Nogueira, da comunidade de Salãozinho, em Casa Nova, fala sobre a importância do tema debatido. “Foi muito importante, pois eu tirei bastante dúvidas do que eu não tinha conhecimento, como o chá da catingueira. (...) Eu também tinha dúvida de como ver se o animal estava com anemia, e foi esclarecido, olhando a cor do olho do animal”.
Os/as agricultores/as se mostraram dispostos/as e ansiosos/as para colocar em prática os aprendizados adquiridos, deixando de lado os remédios produzidos em laboratório, além de compartilhar as receitas e benefícios para a produção animal com os/as agricultores/as que não puderam estar presentes, como relata o agricultor Matusalém Nunes, morador da comunidade de Jatobá, em Casa Nova. “Aprendi bastante e vou colocar em prática (...) vai dá muito resultado. A gente usava os medicamentos de farmácia, mas com certeza esses aqui tem mais eficiência e um custo mais barato. Anotei tudo no papel para eu passar para outras pessoas, porque não adianta a gente tratar os nossos animais se eles ficam em contato com outros que não são tratados, por isso é importante compartilhar os conhecimentos”.
Ensinar os/as agricultores/as a controlar as verminoses nos caprinos e ovinos de forma natural é essencial para manter a qualidade da produção animal, além de possibilitar a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras e dos consumidores da carne e do leite desses animais, pois não serão tratados com remédios químicos que prejudicam a saúde humana e ambiental.
O projeto Ater Agroecologia é executado pelo Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa) nos municípios de Casa Nova, Curaçá, Juazeiro, Remanso, Pilão Arcado e Uauá. A ação é financiada pelo Governo do Estado da Bahia, através da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Superintendência Baiana de Assistência Técnica e Extensão Rural (Bahiater).
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