As cenas daquele final de tarde de 17 de abril de 1996 uma quarta-feira, na “curva do S” da rodovia PA-150, em Eldorado dos Carajás, sudeste paraense, expuseram de forma trágica a questão da terra no Brasil.
Se nestes 26 anos houve avanços na organização do movimento dos sem-terra e na agricultura familiar, a concentração de áreas seguiu gigantesca o Estado permaneceu, em boa medida, hostil à demanda.
Para lembrar a data e os 21 mortos no ataque policial, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fará atos pelo país – simbólicos. “Vamos plantar muita árvore e distribuir alimentos onde tem condições razoáveis de segurança”, diz João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do MST.
O dia 17 de abril é marcado por um dos maiores conflitos de terra do Brasil. Há 26 anos ocorria o Massacre de Eldorado dos Carajás. Na ocasião, 19 trabalhadores rurais, que protestavam na PA-150, no trecho conhecido como curva do "S", foram mortos por policiais militares. Passadas mais de duas décadas do atentado, o Pará é o estado que mais mata pessoas no campo.
Inúmeras varas agrárias foram criadas após o massacre, para ajudar a diminuir os conflitos em áreas rurais. Apesar disso, os números ainda são alarmantes.
De acordo com um levantamento realizado pela Comissão Pastoral da Terra, o Estado continua sendo de conflitos agrários.
Quem ainda sofre com as consequências de um conflito agrário é o camponês Batista, morador da zona rural de Parauapebas. Ele é um sobrevivente do Massacre de Eldorado e conta os momentos de terror que viveu durante o atentado.
"Eu sou filho de um casal de camponeses, nordestino, que vieram pra essa região em busca de melhores condições de vida. Na hora dos tiros não consegui andar muito. Tinha colega baleado, chorando desesperado. Consegui encontrar minha mãe com 3 irmãos, às 22h, meu pai às 0h, e a minha irmã de cinco anos no outro dia, de manhã", relata.
De acordo com o Ministério Público, os policiais autores do massacre retiraram os corpos do local e destruíram provas para dificultar as investigações. Os dois comandantes da operação foram julgados e punidos. A sentença do Coronel Pantoja, foi de 208 anos de prisão. Ele morreu em 2020. O Major Oliveira cumpre pena em regime domiciliar, mas foi condenado a 158 anos de prisão.
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