No início do mês de abril, a Usina Hidrelétrica de Sobradinho voltou a atingir 100% do seu volume útil, situação que não acontecia há pelo menos 13 anos. Assim como a UHE Sobradinho, a situação de todos os reservatórios da bacia do São Francisco é mais confortável devido às fortes chuvas que caíram em toda a bacia desde o final de 2021.
De acordo com dados da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), todos os reservatórios estão acima de 90% do volume útil armazenado.
Com isso, Sobradinho conseguiu armazenar 34,1 bilhões de metros cúbicos d’água. Em 2009 foi a última vez que essa marca foi alcançada. Desde janeiro, com as fortes chuvas, os reservatórios de Sobradinho e Três Marias chegaram a receber 9 mil m³/s e passaram a operar em situação de cheia mantendo a vazão em 4.000 m³/s por mais de 50 dias.
“A partir de agora, com os reservatórios cheios, teremos um cenário de segurança hídrica para o período seco, garantindo o atendimento à geração de energia e aos demais usos múltiplos da água na Bacia do São Francisco”, afirmou o diretor de Operação da Chesf, João Henrique Franklin.
Para garantir a boa marca dos reservatórios, no último dia 24 de março, a Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf) começou a redução do vertimento das cascatas do Velho Chico, iniciando um período em que toda a vazão praticada nos reservatórios será exclusivamente turbinada para geração de energia, conforme necessidade do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A redução das vazões tem ainda o objetivo de recuperar o nível do reservatório de Itaparica (Usina Luiz Gonzaga-PE), buscando preservar um volume seguro em todos os reservatórios para, segundo a Chesf, suprir as necessidades dos usos múltiplos e a geração de energia durante o período seco, que se inicia em maio e segue até novembro.
“Este é um momento de alegria para os ribeirinhos, pois ter os reservatórios com água significa garantia hídrica para o ano de 2022. Mesmo assim, apesar de estarmos satisfeitos, a gente precisa ter certa cautela e planejamento. Refiro-me ao Operador do Sistema, já que as previsões apontam que no Sudoeste do país deve haver escassez de chuva, ou seja, apesar da melhora dos reservatórios podemos novamente entrar no processo de exportação de energia, e isso é preocupante. É preciso ter planejamento para garantir os múltiplos usos das águas e dar tranquilidade ao pescador, ao ribeirinho para o consumo de água potável, enfim, a todos os usuários do rio São Francisco, que tem motivo para comemorar. Além da vida aquática, porque quando tem água em abundância, há uma melhora ambiental e da qualidade da água evidentemente”, observou o coordenador da Câmara Consultiva Regional do Submédio São Francisco, Claúdio Ademar.
GERAÇÃO DE ENERGIA: De acordo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) a bacia do São Francisco contabiliza 17% de energia armazenada máxima do Sistema Interligado Nacional (SIN). Devido à última seca nas regiões Sul e Sudeste, o Nordeste conseguiu exportar energia por mais de um ano, garantindo o abastecimento energético do país. “O Nordeste teve uma contribuição expressiva da geração de energia eólica também e na bacia do São Francisco houve um aumento da geração de energia hidráulica em função do período de cheia que aconteceu do final do ano passado até o início deste ano. Com isso, houve o aumento da geração da energia hidráulica possibilitando a exportação de energia do Nordeste para outros sistemas”.
O superintendente da ANA, Joaquim Gondim, lembrou que os volumes de água que eram esperados foram suficientes para melhorar a situação dos reservatórios da bacia do São Francisco. “O período chuvoso terminou e estamos recebendo as últimas contribuições. O que tínhamos que acumular, e acumulamos, foi muito importante, e agora vamos ver como, com essa água acumulada, e com essa perspectiva futura, o sistema vai se comportar”.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.