Jovem negra matuta do interior nordestino, Nobelina é extremamente audaciosa. Ela busca estudo, liberdade e igualdade de gênero, uma verdadeira feminista em plena década de 1960.
É esta protagonista inspiradora que dá nome e conduz o enredo do romance de estreia da escritora e poetisa paraibana Cibele Laurentino. Herdeira de José Laurentino, um dos maiores poetas do Nordeste brasileiro, Cibele fez da cultura local a maior inspiração para suas produções. Nascida no berço da literatura de cordel, foi a personagem do poema homônimo do pai “Eu, a cama e Nobelina” que ganhou vida pelas mãos da escritora.
Tanto no poema como no livro, Nobelina é uma jovem belíssima e humilde, que deseja ser dona do próprio destino. Na contramão de sua vontade, ela foi criada para se tornar a mulher ideal diante de uma sociedade neocolonial, machista e patriarcal: esposa e dona de casa exemplar.
Ao ganhar uma história para si, a personagem mostra força. Com personalidade visionária, quebra barreiras para realizar o sonho de ser professora e, por meio da educação, fazer a diferença naquela sociedade conservadora. O que ela não esperava era se apaixonar e agora precisa escolher entre um futuro promissor ou o destino que lhe foi imposto.
— Oxe, mãe! Não quero ter a sua vida. Quero estudar, ser professora, ganhar meu dinheiro. Ser independente. — Saiu chorando, murmurando pela roça, pensando em uma forma de mudar a ideia do pai. (Nobelina, pág. 30)
Apesar de a história se passar no nordeste brasileiro, a autora quer mostrar que assuntos como misoginia, machismo, homofobia e violência doméstica continuam presentes em todos os lugares.
Com ilustrações de Alberto Dias, a obra ainda evoca as riquezas culturais do povo nordestino, destaca a religiosidade, devoção às tradições locais e a autenticidade do folclore. Cibele Laurentino também presenteia os leitores com a riqueza linguística do dialeto matuto, a partir de expressões populares.
Cibele Laurentino nasceu em Campina Grande, Paraíba é formada em gestão em turismo, cursa letras e é estudante de escrita criativa. O gosto pela leitura e escrita começou na infância, por influência do pai: é filha do saudoso Zé Laurentino, poeta, cordelista e escritor. Além disso, conviveu com poetas populares, cordelistas, cantadores de viola e emboladores de coco.
“Cactus – Poesias, sentimentos e emoções” foi seu primeiro livro publicado, no qual a poesia é explorada por meio de sentimentos, momentos e dores de forma modernista. Já “Nobelina”, publicado pela Plus Editora, é seu romance de estreia e agraciado pelo Prêmio Maria Pimentel.
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