O SUS (Sistema Único de Saúde), embora criticado por problemas estruturais em seu sistema, foi defendido durante a pandemia no processo de vacinação da população.
O professor Paulo Capel Narvai, do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, conversa em entrevista ao Jornal da USP no Ar 1ª Edição sobre o seu livro SUS: uma reforma revolucionária, lançado no Dia Mundial da Saúde.
Narvai explica que a proposta do livro é informar – de forma simples, porém, sem perder o rigor técnico – para que o SUS foi criado e qual a importância dele para a população. “As pessoas não têm uma imagem boa do SUS. E com razão, porque o SUS, embora represente muito para a saúde da população brasileira, é um sistema que tem problemas”, afirma o professor. “Mas, mesmo com os muitos problemas que o SUS apresenta, a população também sabe que o SUS não recusa atendimento. Por isso a população defende o sistema”, completa.
O professor cita obstáculos na conservação do sistema, como o desfinanciamento. Ele relata que mais de R$ 8 bilhões foram retirados do orçamento entre 2018 e 2022, devido à não aplicação dos recursos por gestores e emendas constitucionais, como a EC 95, de 2016, que congelou os gastos da União com despesas primárias no SUS por 20 anos.
Outro desafio citado é a invisibilização do sistema para a população por meio do ocultamento do símbolo do SUS. Narvai esclarece que não há obrigatoriedade de exibição do símbolo por serviços mantidos pelo sistema por meio de convênios, e assim, frequentemente, o símbolo é ocultado e substituído por marcas que associam as unidades com certos governos e políticos, por exemplo: “É como se as coisas boas não fossem feitas pelo SUS, mas pelo prefeito, pelo vereador. A população só percebe o SUS quando se trata de notícia ruim”.
O autor sintetiza que o desejo é que haja mais recursos para a melhoria do SUS, mas que não basta apenas destinar mais dinheiro, também é preciso criar uma carreira de Estado para os funcionários de saúde: “Muitos [profissionais] trabalham em condições muito precárias, sem terem respeitados os seus direitos trabalhistas. É preciso fazer com que os gestores públicos e privados respeitem os conselhos e as conferências de saúde”. O professor ainda incentiva que a sociedade se organize por meio de movimentos sociais.
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