Há 40 anos, no dia 3 de março de 1982, o procurador da República Pedro Jorge de Melo e Silva foi assassinado a tiros quando saía de uma padaria no bairro de Jardim Atlântico, em Olinda (PE). O crime ocorreu após denúncia contra autoridades e políticos envolvidos no chamado “Escândalo da Mandioca”, esquema de desvio de recursos públicos ocorrido em Floresta, no Sertão de Pernambuco.
Na próxima segunda-feira (28), será inaugurado monumento em homenagem ao procurador da República, na praça Elinaldo Nem, em frente à sede da Procuradoria da República em Pernambuco (Av. Agamenon Magalhães, 1800, Espinheiro), unidade do Ministério Público Federal (MPF) no Recife. A cerimônia contará com a presença do procurador-geral da República, Augusto Aras, e terá início às 13h30.
O monumento, de autoria do artista Demétrio Albuquerque, foi viabilizada por meio de apoio da Fundação Pedro Jorge e da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). A inauguração será transmitida ao vivo pelo canal da ANPR no YouTube.
O evento faz parte de uma série de atividades em memória aos 40 anos do assassinato de Pedro Jorge, que contou com a série de seminários virtuais “Vida por Justiça: 40 anos sem Pedro Jorge”, promovidos entre os dias 21 e 23 pelo MPF na 5ª Região e pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Também integrou as homenagens a exibição, em 21 de março, do documentário “Pedro Jorge: uma vida pela justiça”, no Teatro do Parque, no Recife.
O caso – O crime ocorreu após o procurador da República denunciar políticos e autoridades envolvidos em um dos maiores esquemas de desvio de recursos do Banco do Brasil para financiamento agrícola em Pernambuco. Em valores atuais, o montante chega a quase R$ 34 milhões.
Os empréstimos foram concedidos pela agência do Banco do Brasil no município de Floresta, no Sertão pernambucano, entre 1979 e 1981. Além de não plantar, os beneficiados pelo esquema forjavam que as safras tinham sido perdidas e recebiam os valores do seguro. Mesmo sofrendo ameaças de envolvidos na fraude, Pedro Jorge denunciou o crime. O episódio ficou conhecido como o “Escândalo da Mandioca”. Ele também foi pressionado a abandonar o trabalho, tendo sido, inclusive, afastado por decisão superior, o que, naquele momento, era permitido na instituição.
O assassinato chocou o país e contribuiu para que fosse iniciado um amplo debate sobre a importância do Ministério Público para a sociedade e sobre as garantias necessárias para que os membros da instituição pudessem desenvolver um trabalho livre de pressões. Anos depois, com a Constituição Federal de 1988, foi estabelecida a garantia de independência funcional e a inamovibilidade aos membros do Ministério Público.
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