Vinte dias depois de iniciada a chamada "janela partidária", 55 deputados federais (10,7% do total de 513) trocaram de partido no período, segundo levantamento do g1.
A janela partidária começou no último dia 3 e termina no próximo dia 1º. Nesse período, deputados federais, estaduais e distritais podem trocar de legenda sem risco de perder o mandato.
Para o levantamento, o g1 se baseou nos registros oficiais da Câmara e nos contatos com partidos e gabinetes dos deputados. Até agora, a principal finalidade das movimentações é eleitoral. Há casos de parlamentares que trocaram de partido porque não tinham espaço na legenda em que estavam para disputar outros mandatos, como o de senador ou governador. Há os que obtiveram na nova sigla promessa de recursos para a campanha ou ainda os que migraram para se manter na mesma legenda do pré-candidato a presidente da República que apoiam.
Saiba qual é a situação das bancadas dos principais partidos da Câmara:
PL-Nesse último exemplo, o maior beneficiário é o PL, partido ao qual se filiou o presidente Jair Bolsonaro, pré-candidato à reeleição.
A legenda iniciou o período de migrações partidárias com 42 deputados na Câmara. Com a entrada de bolsonaristas, o PL saltou para 63 e se tornou o partido com a maior bancada de deputados federais.
No partido, há expectativa de esse número aumentar. São esperadas as filiações de Filipe Barros (PR) e Major Vitor Hugo (GO), ex-líder do governo na Câmara, ambos do União Brasil. Mas a sigla deve perder pelo menos um deputado — na próxima sexta (25), Luiz Nishimori (PL-PR) oficializará filiação ao PSD.
Na avaliação do deputado Giovani Cherini (RS), vice-líder do PL na Câmara, o aumento da bancada vai fortalecer a campanha de Bolsonaro à reeleição.
“O partido vai estar mais coeso. Estaremos todos focados, a partir de agora, em reeleger o presidente Jair Bolsonaro e eleger governadores”, afirmou.
O PT, principal partido de oposição, já teve a maior bancada da Câmara. Atualmente, detém a segunda, com 54 deputados. Mas poderá perder Marília Arraes (PE), que, em razão de divergências políticas regionais, negocia a transferência para o Solidariedade, a fim de disputar uma vaga no Senado ou o governo de Pernambuco.
Para o líder do PT na Câmara, Reginaldo Lopes (MG), a janela partidária não vai produzir mudanças na “correlação de forças” dentro da Câmara. Segundo ele, grande parte das trocas partidárias já eram esperadas. “Quem já tem afinidade ideológica com o governo seguirá alinhado ao governo”, afirmou.
No entanto, Lopes avaliou que mudanças podem ocorrer na composição das comissões da Câmara. “Acredito que o presidente da Câmara ainda não compôs as comissões de 2022 justamente por aguardar o fim da janela. Vamos ter que esperar até 2 de abril para sabermos como ficará, exatamente, o tamanho das bancadas”, completou.
União Brasil-O União Brasil é, até o momento, o partido que mais baixas sofreu com a janela partidária. A legenda, resultado da fusão entre PSL e DEM em fevereiro, atualmente com 52 deputados, chegou a ter 81. Mas gradativamente foi perdendo parlamentares para o PL, para onde migrou a maior parte dos bolsonaristas então abrigados no PSL.
Nos próximos dias, a bancada pode voltar a crescer com a oficialização da entrada de Danilo Forte (CE), que já anunciou saída do PSDB. Filiado ao União, ele deve exercer um dos cargos da direção estadual do partido no Ceará.
Para o deputado Alexandre Leite (SP), vice-líder do União Brasil, o encolhimento da bancada não deve fazer a legenda perder força na Câmara.
“Tivemos perdas. Não foram só deputados bolsonaristas que nos deixaram. Mas nós estamos focados nas eleições. O União quer criar chapas fortes nos estados e voltar grande”, disse.
PTB - Influenciado pela crise interna no comando da sigla, o PTB teve a bancada reduzida em 40% nos últimos dias. É a maior redução percentual de um partido na janela partidária. Dos dez parlamentares que integravam a bancada no início de março, restam seis. O partido ainda pode perder mais um: Paulo Bengtson (PA), que chegou a ter o nome anunciado no PL na última semana, mas, segundo a assessoria, ainda não decidiu se mudará de partido.
Podemos - No Podemos, dois deputados deixaram a legenda em razão de o partido ter escolhido Sergio Moro como pré-candidato à Presidência. Aliados do presidente Jair Bolsonaro, José Medeiros (MT) e Diego Garcia (PR) migraram para PL e Republicamos, respectivamente. Durante a janela partidária, um único deputado ingressou no Podemos - Tiago Dimas (TO), que deixou o Solidariedade.
PP, PSD, Republicanos - Até esta terça (22), PP, PSD e Republicanos só tiveram ganhos com a janela partidária. O partido do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), ganhou nove integrantes e perdeu um. O Republicanos perdeu um e ganhou oito. No PSD, saíram dois e entraram quatro.
MDB e PSDB - A bancada do MDB ganhou um novo integrante e perdeu outro. No mesmo período da janela partidária, o PSDB perdeu dois e recebeu um.
PSC - O partido ganhou um deputado. Abílio Santana (BA) deixou o PL porque na Bahia a sigla poderá não apoiar a candidatura de ACM Neto ao governo estadual.
PDT, Cidadania, Patriota, Pros e PV - Esses cinco partidos registraram uma saída, sem novos integrantes.
Solidariedade - O partido teve três baixas na janela partidária, até esta terça (22). Nos próximos dias, a deputada Dra. Vanda Milani (AC) deve deixar a legenda rumo ao Pros. No novo partido, presidido pelo próprio filho da deputada no Acre, ela espera disputar uma cadeira no Senado.
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