Essa imagem de vídeo que ocupou os noticiários ao longo da semana, mostrando a dor e as lágrimas desse garoto ucraniano de 11 anos, sozinho e desprotegido, mexeu com a sensibilidade e o espírito de revolta das pessoas em todo o mundo. Ele faz parte do universo de mais de 1,0 milhão de crianças que saíram sozinhas ou acompanhadas dos pais em busca da paz nos países fronteiriços à Ucrânia.
No caso desse garoto, consta que teve os seus genitores barrados e impedidos de fugir, visto que foi baixada uma Lei que impede a saída de ucranianos entre 18 e 60 anos, retidos para lutar, nem que morra pelo País. Como outras crianças, os seus pais o deixaram ir, só e chorando para um destino desconhecido e uma incerta perspectiva de vida. Entrevistado na Polônia, um outro garoto ucraniano, de 12 anos, disse: “eu não quero uma casa; quero um país”.
É dolorosa a cena de crianças de tenra idade acompanhando os seus pais, em longas e estafantes caminhadas pelas estradas. Em muitas situações, por conduzir os poucos pertences que conseguiram carregar, os pais nem sequer conseguem apoiar os seus filhos pelas mãos, ou mesmo enxugar as lágrimas que rolam nos seus rostos.
Por mais que se busque compreender as motivações políticas de um chefe de Estado, tudo esbarra na complexa sedução do poder. No caso do Vladimir Putin, não lhe é suficiente o fato de saber que o mundo tem convicção do seu poder armamentista e que é detentor do maior número de bombas atômicas, como é o presente caso da Rússia. O que lhe importa, sim, é abrir caminhos para exibir essa força através da destruição de cidades e nações, e provocar a morte de milhares de vidas. Como é grande O TAMANHO DA PERVERSIDADE, até hospitais e maternidades estão sendo bombardeados, numa ação desumana!
Sabemos o quanto é apavorante para a Rússia ter um vizinho na sua fronteira, tão estratégico como a Ucrânia, e este passa a fazer acordos com potências que integram a OTAN, atraindo para os russos um risco inaceitável. Desse modo, a guerra ou a “Operação militar especial” – como a denominou o Putin -, é uma forma de afrontar ou intimidar os seus pretensos inimigos. Quem diria, que na 2ª. Guerra Mundial, Rússia, Europa e EUA estavam “juntos e misturados” para derrotar a Alemanha de Hitler, e hoje o inimigo que pode ameaçar a paz da humanidade é exatamente a Rússia, a Nação parceira de ontem!
Diante da percepção dos graves riscos, o Ocidente está utilizando uma estratégia de prudência militar, que evita uma perigosa explosão global, mas, passa um sentimento de completo abandono da Ucrânia, que está sofrendo um verdadeiro massacre, com cidades quase totalmente destruídas. Enquanto isso, as potências reúnem-se todos os dias no Conselho de Segurança da ONU, e não passam das entrevistas coletivas em seguida. Enquanto isso as cenas de horrores prosseguem lá fora.
Um breve giro pelo passado da Ucrânia, mostra-nos uma história iniciada no Século V por tribos de eslavos, e que sucessivamente sofreu a invasão de vikings e mongóis. É uma trajetória traumatizada por invasões ao longo dos séculos, e para alcançar um mínimo de entendimento do que está acontecendo, é preciso recordar que a Ucrânia entre 1917 e 1991 integrou uma Federação liderada pela Rússia e com mais 15 países fronteiriços, e formaram a “União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS)”, uma sigla intrigante e que muito preocupou durante a Guerra Fria com os EUA.
O Presidente dessa Federação, Mikhail Gorbatchev, em 1991, decidiu romper com essa união e concedeu autonomia aos demais países, restando sozinha a potência maior, a Rússia. Ora, essa integração cultural, econômica, militar, nuclear e espacial ao longo de 74 anos, certamente, deixou como herança uma relação quase familiar entre russos e ucranianos. Talvez, o que hoje a humanidade está assistindo, é uma odiosa briga de irmãos! E todos sabem que briga familiar, às vezes, não termina nunca! Mas, nesse caso, tomara não seja assim.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Aposentado do Banco do Brasil Salvador – BA.
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