Para anunciar o fim dos três dias do carnaval a famosa canção diz: Oh quarta-feira ingrata". Os versos do poeta Luiz Bandeira ecoa no sentimento dos músicos que trabalham durante o carnaval de forma mais forte há dois anos.
“Sem carnaval. É difícil quando um evento desse porte não é realizado". O lamento do músico Francisco Dias, o Chicão, se refere ao cancelamento da festa de Carnaval. "Deixo claro que somos a favor do cancelamento, somos a favor da saúde, mas é doloroso a falta da festa. Muitos músicos ganham seu pão de cada dia com contratos nesta época do ano".
Diante do cancelamento do carnaval em Petrolina e em todo o Brasil, artistas que costumam lucrar durante o feriado reclamam dos prejuízos que mais uma vez vão acumular neste período.
Um desses artistas é Gildo do Sax que foi batizado por Gildivaldo Batista Lima. Nascido em Belém do São Francisco, Pernambuco, Gildo diz que é "Filho do Frevo", pois é da terra de Zé Pereira e Vitalina, lugar onde surgiu os autênticos bonecos da folia de carnaval.
Em contato com a REDEGN, Gildo lamenta mais uma vez a falta da festa oficialmente: "faz mais de 40 anos que participo de carnaval e sentimos a falta do povo na rua, marca maior da alegria pular no meio da rua".
Gildo disse que considera o carnaval uma das épocas mais prósperas do ano, já que neste período ele costuma ser contratadao para tocar com a sua orquesta de frevo. "Sem as festas, os agendamentos de shows foram quase nulos".
Em 2019, de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, em Petrolina foram cadastrados 140 ambulantes na festa de 2020 e girou cerca de R$ 800 mil no carnaval de Petrolina, dinheiro que deixa de circular no município pernambucano.
Em Petrolina, de um total de 61 bandas, 53 atrações locais foram contratadas em 2020. O investimento foi de quase R$ 224 mil destinado a pagamentos de cachês durante a prévia e o período oficial.
Ano passado a prefeitura de Petrolina informou que houve o pagamento da Lei Aldir Blanc no mês de janeiro com um investimento no valor de R$ 2.015.000,00, onde foram beneficiadas 694 instituições, dentre eles, grupos musicais, artistas, casas de eventos e produtores. A ausência dos blocos de rua e das escolas de samba vai deixar uma lacuna no aspecto cultural, mas também afeta negativamente outros cenários, como o econômico, que é anualmente impulsionado pelas comemorações.
Com o cancelamento do Carnaval, o Brasil deixa de injetar em sua economia R$ 8,1 bilhões, de acordo com a estimativa da Confederação Nacional do Comércio, Bens, Serviços e Turismo (CNC).
Para a economista e professora, Pollyanna Gondin, os setores que mais serão impactados são o turismo e os artistas. “Não podemos ignorar a cadeia de fornecedores que são demandados neste período, desde a produção de fantasias, indústrias e serviços, sem contar os vendedores ambulantes que geram renda com o trabalho informal”, comenta.
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