Ruas, Ruelas e Becos históricos do Pelourinho, em Salvador
É incrível como a imaginação das pessoas é rica em produzir situações especiais, particularmente quando elas mexem com o arquivo do tempo, e dele faz eclodir registros de toda ordem e as mais interessantes fantasias construídas em cada etapa da vida. Obviamente, que o tom e a intensidade dependem do grau das emoções envolvidas e vivenciadas...
Não importa a função pública ou o nível que qualquer pessoa ostente ou já ostentou na sociedade. A realidade é que num passado da sua trajetória ela deixou detalhes do perfil de sua história de vida marcados em “Ruas, Ruelas e Becos Passados” onde habitou. Quem, ao visitar a cidade onde nasceu, não já visitou o local onde deu os primeiros passos, em que já jogou o seu futebol de areia com bola de meia, jogou gude na rua, brincou de esconde-esconde nos becos, ou comemorou aniversário de boneca – no caso das meninas -, e sentiu, de repente, abrir um leque de boas recordações de uma infância ingênua e divertida? E agora, entendemos por que dizem que: “recordar é viver”!
Pode parecer romantismo, mas esse é um compartimento da memória que jamais irá se apagar. É muito comum se ouvir de filhos e netos que convivem com pessoas de idade já bem avançada, de que “é incrível como ele (ou ela!) não lembra das coisas recentes, mas se recorda de coisas de um passado tão distante”! Daí a evidência de que os registros da memória antiga não são deletados, enquanto muitos fatos recentes já foram esquecidos.
Acredito que o título esteja a surpreender os meus leitores habituais, mas ele suscita interessantes reflexões, principalmente quando em casa se resolve mexer em papeladas antigas, no propósito de fazer o tradicional expurgo de coisas aparentemente inúteis. Alguns documentos já começam a perder a cor pelos muitos anos de repouso, mas, as anotações ali contidas, às vezes, têm um valor histórico e continuarão a ser guardadas com carinho por muito tempo mais.
Essa viagem pelo imaginário, induziu-me a buscar algo de prático ocorrido durante o período laboral no Banco do Brasil, que pudesse justificar que nem tudo do passado significa um “arquivo morto”. Divulguei num grupo de amigos e ex-colegas de Banco, um modesto episódio sobre um documento encontrado entre os meus papéis antigos, referente ao Despacho de um Benefício da CASSI (Plano de Saúde do BB), que tinha apenas 39 anos de liberado! Repercutiu tão positivamente, que logo um colega que trabalhou comigo na Agência de Uauá-BA, JOSÉ VILSON, enviou-me cópia da sua Ficha de Inscrição ao Concurso do BB, em Fortaleza-CE, cuidadosamente guardada por 49 anos! Chamemos a isso de um primor de relíquia ou de um troféu banhado de ouro?
Não parou por aí. O colega DIDISON REIS, que foi o Gerente-Adjunto e grande parceiro de administração da mesma Agência, remeteu-me cópia de uma papeleta, conhecida internamente como “oitavado”, e que certo dia deixara sobre a minha mesa, com um aviso em letras de forma, informando a sua nomeação para Gerente-Geral: “NOVO GERENTE DE POÇO VERDE-SE”. De pronto respondi e coloquei sobre a sua mesa: “A JUSTIÇA TARDA, MAS NÃO FALHA”. Foi tudo muito inusitado porque, agora, não me lembrava do fato. Ano: 1985! 37 anos atrás! Não tínhamos chat, WhatsApp ou esses aplicativos instantâneos da atualidade, mas, éramos diligentes no nosso modo de nos comunicarmos!
Recordar um passado pode parecer sem importância para o entendimento de alguns, mas, valoriza sentimentos e ressalta experiências primorosas. “RUAS, RUELAS E BECOS PASSADOS” é um título meio poético, mas guarda certa simbologia com o que se passa na história de vida das pessoas.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público - Aposentado do Banco do Brasil – Salvador – BA
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