As fortes chuvas que atingiram a cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, desde a última terça-feira (15), deixaram ao menos 126 mortos, segundo o governo do estado. Já o número de desaparecidos subiu de 116 para 218 nesta tarde.
Nesta sexta-feira (18), o presidente Jair Bolsonaro (PL) visitou a cidade para acompanhar os trabalhos das equipes. O governo federal liberou um repasse inicial de R$ 2,33 milhões. A autorização partiu do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR). As portarias que liberam os recursos foram publicadas em edição extra do Diário Oficial da União (DOU), na noite de quinta-feira (17).
Às 6h40 desta sexta, a Defesa Civil informou que núcleos de chuva estavam se deslocando em direção ao município. “Previsão de chuva fraca a moderada nas próximas horas”, alertou.
Até às 7h55, os moradores foram alertados nove vezes pelas sirenes, que indicam situação de risco para deslizamento e serve de indicativo para que as pessoas se afastem do local. As sirenes foram tocadas em sete locais diferentes de Petrópolis.
A Polícia Civil disse, na manhã desta sexta (18), que 117 corpos de vítimas da tragédia já estavam no IML (Instituto Médico Legal), mas apenas 57 foram identificados. Vinte vítimas eram menores de idade.
Até a última atualização das autoridades, 849 pessoas estavam acolhidas em 19 pontos de apoio, que foram abertos em escolas locais da rede pública.
Nesses pontos, a população é atendida por equipes com assistentes sociais, profissionais de Saúde, Educação, agentes comunitários, além da própria Defesa Civil.
A cidade de Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, pode sofrer com mais chuvas nos próximos dias.
O motivo dessas chuvas segue sendo um corredor de umidade que vem desde o sul da Amazônia até o litoral sudestino – a chamada Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Esse fenômeno favorece que o tempo fique bastante instável, com risco de chuvas fortes acompanhadas de raios e rajadas de vento.
“Um novo episódio de ZCAS se organizou e vai manter as condições de chuva e muitas nuvens sobre o estado do Rio de Janeiro até o domingo, 20 de fevereiro”, afirmou a Climatempo.
A Climatempo alerta que o volume de chuva nesta sexta (18) pode superar os 100 mm, e há risco de “formação de pontos de alagamento, transbordamento de rios e córregos e deslizamentos de terra”.
Verbas
O governador do Rio de Janeiro sancionou nesta quinta-feira (17) o projeto de lei que aprovou, na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), uma doação de R$ 30 milhões para que a cidade de Petrópolis. Com isto, as destinações financeiras dos legislativos chegam a R$ 79 milhões.
Chuva esperada para um mês
O coordenador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), meteorologista Marcelo Seluchi, afirmou à CNN que a chuva em Petrópolis de terca-feira (15) foi a maior registrada na história da cidade.
Os registros começaram a ser feitos em 1932.
Em apenas seis horas foram registrados 260mm de chuva – a maior parte, 230mm, em três horas. Isso era o esperado para o mês inteiro para a cidade. Os danos são maiores porque a tempestade foi muito concentrada concentrada no Centro da cidade.
Para o professor do Instituto de Energia e Ambiente da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Cortês, “infelizmente essa tragédia pode estar apenas começando”.
Em entrevista à CNN nesta quinta-feira (17), o especialista alertou para a previsão do aumento de chuvas na região neste final de semana. “Deveria ter uma ação forte do pode público de retirar essas pessoas para evitar que elas venham a morrer, porque novos deslizamentos poderão ocorrer em função dessas chuvas”, avaliou.
O professor considera que a tragédia de Petrópolis é até mesmo pior do que a ocorrência de um terremoto, já que na região serrana do Rio, “a situação permanece em função da ocorrência de novas chuvas e da dificuldade em remover essas pessoas que estão em situação de risco”.
Em 2017 foi concluído um plano de redução de riscos na cidade de Petrópolis; segundo o estudo, mais de 15 mil casas estavam em área de risco alto ou muito alto.
Em entrevista à CNN, nesta quinta-feira (17), o engenheiro geotécnico da Theopratique, Luiz Carlos Dias de Oliveira, um dos responsáveis pelo projeto, afirmou que as ações propostas no estudo mitigariam os riscos na região de morros da cidade.
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