O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a defender que exista algum tipo de “regulamentação da imprensa” no Brasil. A declaração foi durante uma entrevista concedida à Rádio Clube, de Pernambuco, nesta quarta-feira (9).
Para Lula, é preciso “estabelecer determinadas regras de civilidade nos meios de comunicação”, mas o petista negou que tal sugestão faça alusão à censura.
“Não falem de censura para mim, eu quero a liberdade de imprensa. Liberdade em que a imprensa fale o quiser, mas que também seja respeitado o direito de resposta”, argumentou.
O possível pré-candidato do PT nas eleições 2022 – e também líder das últimas pesquisas de intenções eleitorais – afirmou que a internet está virando uma “fábrica de fake news e provocações” e avaliou que o Brasil está “muito atrasado” em projetos do gênero em comparação com outros países.
“Não podemos deixar a internet do jeito que está, virando uma fábrica de fake news e provocações”, disse. “Estamos muito atrasados. Temos modelos na Inglaterra, na Alemanha, na França e em vários países”.
Essa não é a primeira vez que Lula menciona a regulamentação da imprensa. Mesmo que o ex-presidente ainda não tenha lançado oficialmente sua pré-candidatura, também há menções a outras propostas durante as entrevistas, como a revogação da reforma trabalhista.
Sobre o tema, o petista defendeu que haja uma reunião entre “empresários, o governo, os trabalhadores e as universidades”, mas não voltou a mencionar a revogação de uma lei trabalhista na Espanha como um modelo “a ser acompanhado de perto” – um comentário feito nas redes sociais que gerou ruídos mesmo entre aliados do PT.
Alianças políticas
Em relação à escolha do nome para vice-presidente, ainda associada ao ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, Lula disse que o ex-tucano “precisa fazer uma decisão partidária”, mas ponderou que ainda há tempo para o movimento final – inclusive com o PSD.
“Não sei se o companheiro do PSD quer o Alckmin, mas acho que o Alckmin tem uma boa relação com eles. É preciso que eles, e outros partidos que quiserem o Alckmin, conversem”, declarou.
O ex-presidente foi mais enfático ao opinar que o Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo, deveria concorrer ao governo do estado, e afirmou que o PSB – que tem intenções de lançar Márcio França nesta corrida – terá “compreensão” da situação.
“Eu trabalho com a ideia de que Haddad vai ser governador em São Paulo. Acho que São Paulo está em uma situação extraordinária e Haddad está muito maduro e consciente”, afirmou.
Já sobre o movimento nacional de federação partidária, Lula declarou-se “simpático” à ideia, e defendeu que o PT faça o mesmo movimento para não passar uma “ideia de soberba” do partido. A sigla chegou a recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) para ter mais tempo de concluir as negociações.
“Estou mais preocupado com a fotografia do PT, de trabalhar em aliança com os partidos de esquerda. O PT não tem decisão ainda, acredito que a decisão seja tomada na próxima reunião do diretório nacional”, avaliou Lula.
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