Presente na Seleção há mais de 15 anos, Daniel Alves avalia que a posição de lateral é mais escassa que as demais - e não somente no Brasil. Em entrevista coletiva, o jogador de 38 anos foi perguntado por que é mais difícil repor jogadores neste setor do que nos demais e opinou:
– Pela posição, é bastante escassa no mundo do futebol. No geral, é difícil ter grandes jogadores nessa posição. Por sorte, aqui no Brasil sempre tivemos grandes referências nessas posições e que marcaram gerações, e nós sempre tentamos dar seguimento a tudo isso. Os dois que estão à minha frente (em jogos pela Seleção) são dois ídolos, amigos que respeito muito. Por dentro e fora de campo. Sou apaixonado por eles (Cafu e Roberto Carlos), adoro eles de verdade, não tenho vergonha de falar – comentou o veterano, que também apontou singularidades na escola de futebol brasileira.
– Dificilmente quando você começa uma carreira você quer ser lateral, goleiro, zagueiro. Todo mundo quer jogar no ataque, quer fazer gol, quer brilhantismo nas posições. Então acaba meio que sobrando para a gente a lateral do campo. Eu não era lateral quando comecei, Cafu acredito que também não. Roberto, de repente, também não. Marcelo nem se fala. Então acho que por isso também a gente cria maneira diferente de jogo porque dominamos outras posições também. A gente meio que quebra um pouco esse paradigma e faz com que nossa escola seja diferente do resto do mundo. Então é meio que isso, a posição que restou para nós. Senão a gente também estava sendo atacante e número 10 e número 11, fazendo gol, porque é o brilho do futebol, a verdade é essa.
Diante do Equador, na última quinta-feira, o lateral-direito chegou à marca de 121 jogos pela Seleção e entrou no top-3 dos atletas que mais vestiram a amarelinha, atrás somente de Roberto Carlos (132) e Cafu (150).
O jogador do Barcelona reforçou o sonho de estar na Copa do Mundo do Catar, que poderia ser a terceira da carreira - ele também disputou o Mundial da África, em 2010, e do Brasil, em 2014.
– Não mudou muita coisa não para mim. No que sempre coloco como premissa de trabalho, de lutar por aquilo que sonho. Volto a insistir, o sonho é meu, a vontade é minha, o desejo de fazer aquilo que fiz em toda a minha vida é meu, então está no meu controle. Sempre me vi dentro da seleção brasileira, com opções e com chance, não porque sou queridinho e sou jogador que acumulo muitos jogos, mas pelo comprometimento, disciplina, caráter, entrega. Costumo dizer que o que estava no meu alcance foram entregues. Logo as contestações, os debates, não estão ao meu alcance, não dependem da minha entrega. E também é do futebol. Temos que aprender, criar bloqueio em relação a isso. Mas as críticas te fazem melhorar, sempre ver o lado bom das coisas. As críticas a meu ver se são infundadas, elas não servem. Se têm fundamento servem para fazer crescer para ser melhor atleta, ser humano, pai, amigo e melhor jogador.
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