Sem alarde e sem expor o acusado de assassinar a menina Beatriz, a Secretaria Defesa Social, transferiu Marcelo da Silva do presidio de Salgueiro, para uma cela individual em Igarassu, região metropolitana de Recife.
O homem suspeito de ter matado a facadas a menina Beatriz Angélica, na escola Nossa Senhora Auxiliadora em Petrolina, em 2015, foi transferido para uma cela com segurança no Presídio de Igarassu, no Grande Recife, ontem quinta-feira (13). Desde 2017, Marcelo da Silva, de 40 anos, estava preso na Unidade Prisional de Salgueiro, no Sertão, por outros crimes.
Marcelo da Silva cumpre pena por estupro de vulnerável, ameaça e cárcere privado. Segundo a Secretaria Executiva de Ressocialização de Pernambuco (Seres), ele foi transferido, na madrugada, para o Centro de Observação e Triagem Criminológica Everardo Luna (Cotel), que fica em Abreu e Lima, no Grande Recife.
Às 15h da quinta-feira (13), ocorreu uma nova transferência, ele foi levado para o Presídio de Igarassu. O suspeito foi colocado numa "cela disciplina", que está sob a vigilância de dois agentes do Grupo de Operações e Segurança, subordinado à Seres.
Segundo a Polícia Civil, Marcelo da Silva confessou ter matado a menina Beatriz depois que a Polícia Científica confirmou que o DNA dele era o mesmo que estava na faca deixada no tórax da criança, em 2015.
A análise foi feita por peritos após a inserção do DNA contido na faca, mais de cinco anos depois do crime, que foi compatível com o DNA de Marcelo da Silva, que já estava no banco genético do estado desde 2019, quando foi feito um mapeamento de criminosos condenados.
A ex-gerente da Polícia Científica, Sandra Santos chefiou a corporação durante sete anos e saiu do cargo dias antes do anúncio da descoberta da autoria do crime. Ela disse que o DNA existente na faca só pode entrar no banco genético do estado após um aprimoramento tecnológico do material, já que, na época do crime, o estado não tinha a estrutura necessária.
De acordo com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco (SDS), Marcelo da Silva contou, em depoimento, que entrou no Colégio Nossa Senhora Auxiliadora para conseguir dinheiro. Ele, que era morador de rua, usava uma faca para se defender.
No depoimento para a polícia, o suspeito teria contado que, ao vê-lo, a menina Beatriz se desesperou e, para silenciá-la, ele teria a esfaqueado. Para os pais da menina Beatriz, a motivação apontada pela SDS "não convence".
A mãe da menina, Lucinha Mota, contou que o colégio era muito rígido, tinha protocolos de segurança e que, por isso, não acredita que a garota tenha sido morta de forma aleatória, simplesmente por ter encontrado o criminoso.
O anúncio da autoria do crime ocorreu seis anos, um mês e um dia depois do assassinato da menina Beatriz (veja vídeo acima). Também aconteceu 15 dias depois que os pais da garota percorreram mais de 700 quilômetros a pé, entre Petrolina e o Recife, para pedir justiça.
No dia em que chegou ao Recife, a família foi recebida pelo governador Paulo Câmara (PSB), no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual. Na ocasião, o governador afirmou que era favorável ao processo de federalização das investigações.
A peça-chave para o esclarecimento do caso foi a faca usada no crime. Os peritos coletaram o DNA no cabo da arma, deixada no local do homicídio. As amostras estavam misturadas ao sangue de Beatriz.
Em 2019, Marcelo da Silva teve material genético colhido para inserção no banco genético do estado num mapeamento entre os condenados do sistema prisional, como permite a legislação.
Em 2021, foi obtido um "padrão ouro" do DNA encontrado na faca, esse material também foi incluído no banco genético do estado. Assim que o DNA contido na faca entrou no sistema, Marcelo da Silva foi apontado como compatível.
Por causa disso, ele foi submetido a outro recolhimento de material genético e, após diversos procedimentos, foi confirmado como o suspeito.
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