Dia de chuva. Situação rara em Juazeiro Bahia. Cidade que oferece uma rica variedade de natureza, cultura, arte e culinária, possui rio São Francisco e histórias possíveis de tirar o fôlego. Nadar no Opará, na língua indigena Rio que é Mar, Velho Chico Rio São Francisco reflete um desafio que precisa de um bom preparo físico para enfrentar as correntezas e os perigos das águas.
Ao caminhar na Orla (2), o olhar jornalístico recai naturalmente sobre os "Meninos do Rio São Francisco" que saltam da pilastra e do pier, localizado nas proximidades da antiga Companhia de Navegação do São Francisco/Franave, hoje Vila Bossa Nova.
A cena ganha mais força pois "os mergulhos e pulos na água" se dá no dia de domingo, 26, com as águas do rio turva devido as fortes chuvas que caíram deste sexta-feira, 24.
Entre os adolescentes alguns dos saltadores são adultos. Estes saltos e mergulhos de uma altura "que dá medo', aos não praticantes são tão inacreditáveis que inspiraram uma reportagem e fotos que não estavam na pauta. A profundidade do rio São Francico atinge cerca de 15 metros no local dos saltos e mergulhos.
Ano passado a REDEGN convervou com estes meninos, adolescentes, alguns crianças, 11 anos e tem o rio como quintal. Cauê, André e Paulo e amigos mostram capacidade de nadar, destreza e segurança. Um deles conta que nada desde criança e sente prazer em mergulhar no Rio São Francisco.
Pergunto: Tens medo? 'Não cabe medo aqui só o prazer e a liberdade', é a resposta.
Existe unanimidade entre eles: para mergulhar e saltar de certa altura há o risco constante e por isto para quem não sabe, são tarefas arriscadas, perigosas. Depois que se aprende, faz-se sempre com concentração e "levando o rio a sério para não ter acidentes".
Outra história é de um deles já ter salvado um homem que estava se afogando. Os meninos que desafiam o Rio São Francisco com mergulhos que chamam a atenção dizem que só deve fazer quem sabe nadar muito bem e tem a garantia pois a correnteza é forte e no local a profundiade do Velho Chico "não perdoa erros".
Os meninos do rio estão numa fila de espera, a sorrir, esperando pela sua vez de saltar, só consigo pensar: porque saltam? É uma tradição, um rito de iniciação, é pelo divertimento em si? Foi sempre assim?
São perguntas sem respostas!
A beleza natural de rios, como o Velho Chico, esconde riscos que são uma combinação de fatores quase sempre imprevisíveis. Não se recomenda pular no rio sem antes conhecê-lo. Correntezas fortes não perceptíveis também tornam a luta contra as águas impossível.
No contato com a Guarda Civil de Juazeiro, o Comando informou que a instituição não atua nas questões relacionadas ao rio São Francisco e que a prática também acontece na Ponte Presidente Dutra, jurisdição Federal.
A reportagem não conseguiu contato com a Agência Fluvial da Marinha.
HISTÓRIAS: Tudo indica que as origens da natação se confundem com as origens da Humanidade. Catteau e Garoff, cita em sua obra, que o Homem raramente entrou em contato com a água por medo, freqüentemente por necessidade e ás vezes por prazer.
Já o cancioneiro brasileiro é rico em destacar o rio e os nadadores:
"O menino e Velho Chico viagens mergulham em meus olhos, barrancos, carrancas, paisagens Francisco, Francisco. Tantas águas corridas. Lágrimas escorridas, despedidas. Saudades. Francisco meu santo, a velha canoa. Gaiolas são pássaros. Flutuantes imagens deságuam os instantes. O vento e a vela me levam distante. Adeus velho Chico diz o povo nas margens do Rio Francisco, Francisco. Música composta por Capinam e Roberto Mendes.
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