Quando eu era menino achava o Natal um saco: Papai Noel não vinha, a neve não caía no sertão, o peru não se amigava com meu bucho...era tudo inatingível. A árvore de Natal feita de cabo de vassoura, arame e papel celofane verde, era o que mais se aproximava da chegada das festas do natalício de Jesus.
A melhor parte era colocar as bolas de vidro, super frágeis, surradas pelo uso de muitos anos, em cada galho. Botar uma ponteira de vidro no cume da árvore, era o momento apoteótico, mágico!
Terminado este período, mamãe guardava tudo para o ano seguinte, com muito carinho. As bolas já viviam desbotadas de tanto tira e bota. A ponteira, em certa feita, foi quebrada pela minha vó Neném, que de olho na novela "Pai Herói", em vez de armar um dos punhos da rede no torno, acunhou na ponteira. Foi um Deus nos acuda.
Mesmo com todas as dificuldades, eu lembro que a gente inda montava uma lapinha com bois, cavalos, carneiros, Reis magos e um menino Jesus, numa manjedoura de pedrinhas e areia, no seu entorno.
Existia todo um clima: as ruas se enfeitavam, as famílias se revezavam em novenas e a meninada encenava singelas peças de Natal.
No dia de hoje, vejo que Papai Noel não me convenceu, que o peru não virou minha proteína predileta e que a neve não combina com minha ojeriza ao frio, mas que Jesus continua sendo minha grande referência espiritual... minha chama como história de vida, e como luz!
Entristece-me o mal uso da religião por falsos profetas e moralistas que se apropriam deste Jesus em nome de seus projetos pessoais... espero, com muita fé, que consigamos quebrar estas correntes e nos livrar da burrice implantada no mundo pela máquina cruel da desinformação.
Que possamos nascer de novo, de verdade, neste caos que ora nos prende. Feliz Natal a todos!
Flávio Leandro- cantor e compositor
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