Trabalhos realizados por estudantes e docentes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) conquistaram primeiro, segundo e terceiro lugar na modalidade Temas Livres – Apresentação Oral, no 29º Congresso Pernambucano de Cardiologia, realizado pela Sociedade Pernambucana de Cardiologia (SBC-PE), de 16 a 18 de dezembro, no Recife (PE). Os pesquisadores premiados integram o Grupo Cardiologia da Univasf, formado por docentes e estudantes dos cursos de Medicina e Farmácia e que também conta com a colaboração de profissionais e docentes de outras instituições.
Dois dos estudos premiados foram elaborados no âmbito do Projeto de Aterosclerose em Indígenas (PAI), coordenado pelo professor Anderson Armstrong, do Colegiado de Medicina, do Campus Sede da Univasf, e abordam a saúde cardiovascular de populações indígenas de Pernambuco. O outro trabalho apresenta resultados de um método diagnóstico de hipertensão arterial na atenção básica de saúde em Salgueiro (PE). “Esse é um feito inédito: o primeiro, o segundo e o terceiro lugares dos temas livres em apresentação oral, que é a maior disputa do congresso, foram para uma única instituição, da qual me orgulho de fazer parte, compartilhando diariamente a luta diária de fazer Ciência no sertão”, destaca o professor Anderson Armstrong.
Realizado no escopo do PAI, o trabalho “Processo de urbanização e obesidade em indígenas de Pernambuco - Projeto Aterosclerose em Indígenas (PAI)” conquistou o primeiro lugar. O estudo evidenciou que quanto mais urbanizada a comunidade indígena, maior é a prevalência de obesidade entre a população. “Também mostramos que a obesidade é mais prevalente no sexo feminino e tende a diminuir com o processo de envelhecimento”, explica o estudante Manoel Pereira Guimarães, do 5º período de Medicina, que apresentou o trabalho no evento. A pesquisa já havia sido premiada no 76º Congresso Brasileiro de Cardiologia, em novembro último, na categoria Melhores Temas Livres Pôsteres – Iniciação Científica.
Em segundo lugar ficou o trabalho “Caracterização fenotípica da hipertensão arterial e fenótipos em hipertensos tratados em um município do interior pernambucano”, que também foi apresentado por Manoel Pereira Guimarães. Este estudo traz uma análise do projeto Tele-HA, idealizado pelo cardiologista Elder Gil, no município de Salgueiro (PE), como uma maneira de criar um método diagnóstico de hipertensão arterial no nível de atenção básica no Sistema Único de Saúde (SUS). O estudo, realizado numa parceria entre o grupo de Cardiologia da Univasf e o médico Elder Gil, contém dados sobre a implementação da Monitorização Residencial de Pressão Arterial (MRPA) nas Unidades Básicas de Saúde do município. O trabalho mostra que a conduta de mais de 70% dos hipertensos sofreu alteração em virtude da maior precisão das aferições da pressão arterial dos pesquisados.
O estudo “Análise do Índice Tornozelo Braço na População Indígena de uma Região do Nordeste Brasileiro” ficou com o terceiro lugar. Também realizado no âmbito do PAI, o trabalho teve como objetivo avaliar o Índice Tornozelo Braço (ITB), uma ferramenta utilizada no diagnóstico da Doença Arterial Periférica (DAP), nas populações indígenas. Foram analisados os Funi-ô, os Truká e o grupo controle, que é bem mais urbanizado em relação aos outros. Os pesquisadores observaram que não houve uma diferença estatística significativa entre os grupos estudados, mas ao avaliar os exames alterados de ITB o resultado foi proporcional ao grau de urbanização da população correspondente. “Concluímos que o processo de urbanização interfere no processo de adoecimento dos indígenas, que necessitam de um olhar e medidas de saúde pública para mitigar os danos à sua saúde”, relata a estudante de Medicina Eliene Aparecida Cerqueira Marcos, que está no 7° período do curso e apresentou o trabalho no congresso.
O 29º Congresso Pernambucano de Cardiologia contou com mais de 70 trabalhos submetidos por pesquisadores de várias instituições do estado, nas modalidades Temas Livres e Relato de Caso. Para os dois estudantes da Univasf que apresentaram os trabalhos vencedores durante o evento a experiência foi enriquecedora. “Esse reconhecimento é fruto de muita dedicação, responsabilidade e perseverança de todos os membros da equipe de Cardiologia Univasf e do estudo PAI. Participar de ambos os grupos me deu a oportunidade de melhorar vários aspectos da minha formação”, diz Manoel Guimarães. Já Eliene Marcos destaca a relevância do incentivo dos professores que integram o grupo para sua formação acadêmica. “Acredito que o incentivo e o apoio farão uma enorme diferença em minha formação e prática clínica. A pesquisa baseada em evidência transforma nosso conhecimento”, ressalta a estudante.
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