Por mais que se identifique em um universo de 213,3 milhões de habitantes, e num país como o Brasil, alguns milhares ou até mesmo milhões de pessoas com perfis destoantes do desejado, principalmente por desvio de caráter, ainda assim, podemos afirmar que o Brasil tem um povo de fibra, resistência e força incansável na luta pela superação das dificuldades.
Não obstante o povo alimente a esperança de melhores dias, os muitos problemas sociais e a insuficiência causada por 12,6 milhões de desempregados – segundo o IBGE -, são fatores que se opõem a um estado de normalidade da vida no dia a dia.
Os programas sociais, ainda que impropriamente manipulados pelo interesse político dos governantes, em todos os tempos, não podem ter a sua importância e utilidade totalmente minimizados pela crítica, uma vez que são amenizadores da fome de 13 milhões de famílias ou mais de 50 milhões de pessoas em todos os recantos, ou seja, grande parte da população de baixa renda do País.
Em 2001 foram criados pelo Governo Federal o Bolsa Escola e o Bolsa Alimentação, na gestão de FHC. Em 2003, já no Governo Lula, esses programas foram unificados e transformados no Bolsa Família, que sobreviveu com esse nome até agora. Foi um modelo de programa social que deu certo no Brasil e que vem sendo aprimorado a cada ano. Outros países como Chile, Turquia, México, Itália, Indonésia, África do Sul e Marrocos, fizeram os seus ajustes internos, mas apoiando-se na inspiração central do Bolsa Família.
A recente mudança de nome do programa BOLSA FAMÍLIA – que era bem emblemático quanto à sua finalidade -, significa, exatamente, o interesse em dar o sentido de propriedade do Governo ao Projeto, cujas novidades introduzidas se restringem ao nome para AUXÍLIO BRASIL e um aumento no valor mensal para 400 reais (MP 1061/2021). Como o valor tinha uma vigência prevista para dezembro de 2022 – justamente o ano eleitoral! -, nada mais sintomático de que a intenção tem ascendência política e nada social. Essa é uma tradição intolerável de todos os governos que se sucedem: mudar o nome de programas ou projetos como forma de legitimar uma nova paternidade!
Com todos os defeitos visíveis ou ocultos, o Bolsa Família ou seu irmão gêmeo Auxílio Brasil, tem o seu valor inquestionável, uma vez que ampara um segmento carente de recursos para suprir as necessidades mais básicas. Para que se possa mensurar a importância que um programa social desse representa para a família pobre, reproduzo a grata e carinhosa declaração de uma mãe beneficiária: "Meus filhos sabem que quando a gente recebe o dinheiro eles terão mais para comer, e assim ficam bastante contentes".
Em meio a esse cenário de dependências e incertezas, há um povo revestido de fé confiança e valor, que precisa ser respeitado pela sua determinação, coragem e luta pela vida. É importante que ao lado do espírito de doação, esteja sempre presente nos governantes a preocupação construtiva de não somente dar o peixe, mas, sobretudo, oferecer o anzol que permita a cada um pescar o próprio peixe. Essa atitude fortalece o caráter e passa a cada filho o nobre exemplo para vencer na vida
Aplaudo a existência dos programas sociais cada vez mais fortalecidos, mas repudio a forma interesseira utilizada por políticos em suas demandas puramente eleitoreiras, sempre pretendendo manipular as pessoas como massa de manobra. Ainda bem que o nosso povo com sua força a tudo resiste, e não tem se deixado levar por enganosas e falsas promessas. Daí é que, às vezes, as surpresas eleitorais acontecem!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
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