As buscas por Wanderson Mota Protácio, 21 anos, entraram no quarto dia nesta quinta-feira (02). A caçada ao caseiro que assassinou três pessoas em Corumbá (GO), e que conta com 70 policiais do estado de Goiás, prejudicou o funcionamento da única escola de Mocambinho, no distrito do município de Gameleira de Goiás.
A diretora da escola municipal Fleury Adrião de Siqueira decidiu interromper as aulas do ensino na manhã desta quinta-feira — único turno da escola. Segundo a Prefeitura de Gameleira de Goiás e a Secretaria de Educação do município, ainda não está decidido se haverá aula na sexta-feira (03/11) pela insegurança decorrente das operações que estão acontecendo em Mocambinho.
Wanderson Mota Protácio é acusado de assassinar a namorada, Rariane Aranha, 29 — grávida de quatro meses; a enteada, Gaysa, 2 anos; e o fazendeiro Roberto Clemente, 73, no último domingo (28/12). Após cometer os crimes, Wanderson teria pedido um táxi para Abadiânia. Antes, ele teria visitado uma Assembleia de Deus na cidade, segundo conta o pastor Reginaldo Santos. "Ele chegou meio perturbado. Eu disse que ele precisava procurar Deus para a vida dele. Perguntei onde ele estava morando e falei para procurar uma igreja que ficasse perto para congregar", detalhou o encontro, que aconteceu por volta das 20h40.
O pastor confessou que não teve tempo de conversar com Wanderson. "Não sentei com ele porque precisava levar uma senhora para casa, porque ela tem problema de visão. Mas ele disse que estava precisando de oração, de uma benção de Deus", conta.
O líder religioso descobriu o crime somente no dia seguinte, segunda-feira (29/11), quando viu as notícias. "Fiquei imaginando o risco de ele praticar alguma coisa contra a gente, na igreja", relata.
Semelhanças com o Caso Lázaro: A inevitável comparação da caçada por Wanderson com a de Lázaro Barbosa — que movimentou mais de 200 policiais do Distrito Federal, de Goiás e federais durante 20 dias de junho — pode levar à superação de eventuais equívocos. E um dos pontos comuns aos dois casos diz respeito à cobertura midiática e à ação das equipes de busca, segundo Isabel Figueiredo, especialista em segurança pública.
"Não aprendemos quase nada e temos repetido um processo de midiatização que é terrível, por qualquer ponto de vista: seja pela eficácia da ação policial, que é afetada, seja pelo pânico que essa espetacularização gera na população", criticou.
Isabel acrescentou que a grande atenção dada ao criminoso também pode levar a desejos de "fazer justiça com as próprias mãos". "Aconteceu em outros casos de, eventualmente, pessoas identificarem alguém parecido e partirem para linchamentos. A espetacularização acirra os ânimos. A polícia tem de ser a responsável por mapear e rastrear o criminoso, mas sem escândalos", afirmou a especialista.
Para ela, a divulgação do caso pode contar com a ajuda de moradores para receber denúncias, mas jamais com proposta exagerada. "Esse foi o erro do 'Caso Lázaro' e, pelo que tenho visto, se repete da pior forma possível. Basicamente, não evoluímos de lá para cá", pontuou.
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