Nas duas últimas semanas optei por tangenciar na direção de outros temas mais amenos, românticos, e até históricos, de modo a dar ao leitor um momentâneo descanso sobre assuntos de natureza política. Mas, o inquieto som das teclas, até no silêncio da noite, parecia um convite a fazer uma leitura dos acontecimentos e voltar a visão para o que perturbava ou incitava o cenário político nacional. E a percepção é de que “está tudo como dantes, no quartel de Abrantes”!
É que nada mudou...! O mesmo personagem central de todas as querelas dos últimos tempos continua marcando a sua evidência vazia, ou seja, ao invés de usar a liturgia representativa do cargo para o legítimo exercício do poder presidencial e a condição de líder capaz de influenciar a população brasileira com palavras de confiança e otimismo, usa das redes sociais para distribuir frases ineficazes e plantar pensamentos negativos de natureza científica que fogem à sua competência. Sinceramente falando, tem se comprometido em emaranhados do nada com nada, parecendo, até, que fica pensando durante a noite o que dirá de impactante no dia seguinte... ou não pensa!
Imaginar que o Presidente da República lança no cenário mundial, usando a sua rede social, uma conclusão de tamanha gravidade, induzindo o medo nas pessoas quanto aos riscos da vacina contra o vírus COVID-19 se transformar no vírus HIV ou da AIDS, é de uma demência sem limites! Qual o Laboratório de pesquisa no Brasil ou no mundo gerou esse tipo de conclusão? Ou o Presidente se ampara, imprudentemente, em Fake News produzidas por irresponsáveis espalhados por aí? E o Ministério da Saúde onde está, que ficou em silêncio e nada se manifestou a respeito?
Os novos fatos não se constituem, na verdade, em grande novidade, por ter origem no Presidente que insinuou, justamente sobre a vacina da Pfizer, avaliada como a mais eficaz no índice de imunização, que: “Se você virar um jacaré, é problema seu”. Imaginar que uma “live” semanal do Presidente – cujo espaço parece que o deixa mais feliz do que a cadeira presidencial -, foi retirada de circulação pelas redes sociais pelo absurdo do seu conteúdo informativo, é algo que envergonha a qualquer cidadão de bem desse país. Às vezes, soa como uma intenção de fazer humor e não levar certas coisas à sério, o que, aliás, é impróprio para um Presidente!
Seria bem mais confortável se cada espaço da imprensa e dos Blogs fosse utilizado para o elogio ou a crítica ao Presidente, em razão de acertos ou erros por ações produtivas equilibradas e bem-intencionadas, e nunca por débeis atitudes que mais parecem voltadas a agradar a plebe sempre disponível ao cego aplauso, sem uma razoável avaliação de suas consequências e implicações. Realmente nem sabemos classificar aquelas pessoas que embaixo de uma árvore esperam pela “máxima” do mito ou ídolo que, geralmente, traz na ponta da língua um veneno em quase tudo que diz.
A propósito, foi interessante observar a mensagem de solidariedade manifestada pelo ex-Presidente americano Donald Trump ao Presidente Bolsonaro, após a divulgação do relatório da CPI DA PANDEMIA, visto que ambos demonstravam grande semelhança de atitudes e temperamentos, enquanto o Trump estava no exercício do cargo. Assim como foi solicitada a pena de não acesso do Bolsonaro nas redes sociais, o Trump até hoje se encontra excluído de ter acesso. A relação dos dois comprova o acerto do ditado: “Os opostos se atraem e os semelhantes se reconhecem”.
Como tanto se fala em direitos e liberdade, não sei se punir o Presidente seja o melhor caminho. A censura pública de que já foi alvo e a manifestação contrária de inúmeros infectologistas, já me parece uma penalidade mais que suficiente. Resta saber, a partir de quando vai controlar seus ímpetos verbais. Do contrário, teremos que viver sempre vigilantes ou colocando suas palavras sob censura!
AUTOR: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público (Salvador-BA).
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.