Artigo - Nem o céu, nem o inferno

30 de Sep / 2021 às 23h00 | Espaço do Leitor

Nesses últimos dias pairaram em mim muitas inquietações. Fiquei mexido por dentro em razão do desvalor que alguns conterrâneos adjetivam a cidade em que nascemos e escolhemos para viver, enaltecendo a cidade vizinha de Petrolina como forma de depreciar Juazeiro e seu povo, estabelecendo uma constante carência de aceitação ao nosso torrão.

Não preciso de referência política para falar a verdade e reconhecer que o "certo é certo, o errado é errado" (lembrança do xerife da Maringá). Neste sentido, logo afirmo que Petrolina é mais desenvolvida do que Juazeiro e os políticos de lá são mais influentes do que os de cá. Mas o município pernambucano está longe de abrigar em seu espaço geográfico uma cidade escandinava ou um país nórdico, cujas características são os bons índices econômicos e sociais e a igualdade entre as pessoas.

Sou Juazeirense e fui professor por mais de cinco anos na UPE e atualmente sou professor do Estado de Pernambuco, atuando no interior de Petrolina, sendo bem recebido pelos colegas petrolinenses, por isso, tenho alguma condição de opinar, sem, contudo, perder o afeto e o tratamento dileto que devoto á Petrolina.

Farei algumas comparações, não para diminuir a vizinha cidade, mas, para tentar mostrar que Juazeiro não é o inferno que muitos tentam nos imputar.

O que seria dos pequenos e médios produtores rurais de Petrolina se não existisse o Mercado Produtor de Juazeiro? Fariam o que para comercializar seus produtos?

De igual modo teríamos dificuldades para se deslocar para as grandes capitais do país se não tivesse o aeroporto de Petrolina.

Conheço muitos agrônomos petrolinenses que se formaram pela nossa  FAMESF, num tempo em que  nem existia a UNIVASF, como conheço muitos professores de Juazeiro que se formaram pela UPE em Petrolina. Dessa forma, temos que agradecer a Petrolina e vice-versa.

Em algumas situações Juazeiro tem indicadores melhores do que Petrolina, a exemplo da distribuição de renda baseada no PIB que, de acordo com o IBGE, Juazeiro apresentou em anos anteriores uma renda per capita/ano acima de 17 mil, enquanto Petrolina apresentou um pouco acima de 15 mil.

Para reforçar esses dados o índice GINI criado pelo matemático italiano Conrado Gini e que mede a desigualdade social aponta Petrolina com 0,62 e Juazeiro com 0,56. Ou seja, existe mais desigualdade social na vizinha cidade.

Meu recado em forma de apelo é dizer aos conterrâneos que não precisamos fazer comparação, mas, aprender a aprender escolher melhor os nossos representantes, pois, o povo está acima dos políticos e nossa cidade em si é boa, os homens é que não sabem lhe dar o devido valor. Por fim, não precisamos que ninguém de fora venha nos depreciar, por que aqui já tem muitos que o fazem.

Tony Martins – Pedagogo e Radialista

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