Planta resistente ao calor e com enorme capacidade de armazenar água, a palma está se tornando, pelas mãos de mulheres empreendedoras do Vale do São Francisco, fonte de renda e matéria-prima para uma linha de produtos saudáveis e gourmet.
Situada a 87 km do município de Curaçá, a Associação de Mulheres em Ação da Fazenda Esfomeado (Amafe) vem produzindo farinha, geleias e licor à base da cultura.
Tendo como base o cultivo da palma, surgiu a linha de produtos Dona Odete. Uma homenagem também à história de vida de uma mulher do campo, hoje com mais de 90 anos, que abriu caminhos para gerações como as de Cintia Graciela e Cristiane Ribeiro.
"Dona Odete é quem, na década de 1970, iniciou esse movimento, foi das comunidades eclesiais de base. Era analfabeta e morava em São Paulo. Veio para a Bahia e, na década de 1980, fundou a Associação de Moradores de Esfomeado, lutou contra a falta d'água, ajudou agricultores a conseguirem o primeiro poço artesiano e a aposentadoria rural", contam.
Netas de agricultores, Cintia e Cristiane são funcionárias públicas e, dentro da Amafe, representam as comunidades tradicionais de fundos e fechos de pasto. Dizem que resolveram fundar a entidade ao tomar consciência da história dos antepassados, as constantes perseguições e ações de grilagem na região.
Começaram do zero, com a ajuda de amigos e familiares. Hoje se orgulham em dizer que estão entrando no mercado institucional através de programas como o PNAE e o PAA emergencial.
As agricultoras apresentaram o trabalho ao deputado Jacó (PT) e mostraram a necessidade de requalificação do espaço em que atuam, melhoria na logística de distribuição e parceria em um projeto de implantação de quintais produtivos.
"A ideia de que mais pessoas possam ter uma alternativa de renda, além de uma fonte de alimentação saudável, é nossa preocupação. Depois da geleia e do licor, pensamos em fazer o biscoito da palma. Por que a palma? Porque queríamos sair do umbu. Participamos de cursos, aprendemos a fazer musse de palma e outras receitas". Em Salvador, Cintia e Cristiane também se reuniram com Wilson Dias, diretor-presidente da CAR, órgão vinculado à SDR.
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