Duas grandes ações metodológicas do Governo do Estado, por meio do Projeto Pró-Semiárido, estão agora sistematizadas e podem inspirar outras ações de governos, empresas e sociedade civil organizada. São elas a metodologia da Caderneta Agroecológica e da Ciranda das Crianças.
As publicações foram escritas coletivamente pelas(os) técnicas(os) do projeto e os diversos parceiros do Pró-Semiárido junto às famílias agricultoras do Semiárido baiano.
"Já são sete anos de caminhada do projeto trabalhando as ações especificas de gênero, mas levando também as questões étnico-raciais e geracionais. E, hoje, em particular, o Pró-Semiárido, ao desenvolver as suas ações no enfoque de gênero, conseguiu incluir criança, idosos(as), jovens, mulheres e homens para entender que estas ações envolvem todos e todas que estão no universo rural", destacou a assessora de gênero do Projeto e organizadora das duas publicações, Elizabeth Siqueira.
As publicações, intituladas Ciranda das Crianças: experiência lúdico-metodológica no âmbito do projeto Pró-Semiárido e Cadernetas Agroecológicas: a revolução silenciosa das guardiãs da agrobiodiversidade, estão disponíveis para consulta e download nos sites da Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR) e da Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR). Ambas mostram a amplitude e potência das duas metodologias para o empoderamento, geração de renda e autonomia das mulheres agricultoras.
O lançamento contou com a presença de parceiros como o Administrador Joaquim Neto, da Associação Regional dos Grupos Solidários de Geração de Renda (Aresol), entidade responsável pelo processo formativo de cirandeiras(os) nos Territórios Piemonte da Diamantina e Bacia do Jacuípe; a doutora em Educação e colaboradora do Instituto Rumos, Ivânia Freitas; a técnica do componente social do Pró-Semiárido, Giçara Cadidé; e as Engenheiras Agrônomas Dulce Carvalho, do Serviço de Assistência Socioambiental no Campo e Cidade (Sajuc), e Aline Nunes.
A Caderneta é uma ferramenta desenvolvida pela organização não governamental CTA Zona da Mata de Minas Gerais. A ferramenta metodológica permite que as agricultoras façam o controle sobre o que produzem em seus quintais a partir da anotação diária de venda, consumo, troca e doação. De forma simples e dinâmica, a caderneta tem provocado uma mudança significativa na autoestima das mulheres, que passaram a planejar melhor a produção e comercialização dos seus produtos e ter seu trabalho visibilizado e valorizado.
Sobre a adoção da Caderneta Agroecológica, Aline Nunes destaca a importância de o Estado assegurar recursos para fomento dessas e de outras ações de gênero: "Muitas vezes os projetos se perdem na transversalidade e eu queria aqui enfatizar a importância de se ter um recurso previsto para estas ações nos projetos públicos pois os resultados são maravilhosos". Já Dulce Carvalho salienta a transformação gerada a partir do processo metodológico de adoção da ferramenta: "Através dessa metodologia, que faz as agricultoras se descobrirem no processo, nós, técnicas, também nos descobrimos. Nos descobrimos feministas, descobrimos que é por este caminho que a gente tem que andar".
CIRANDA DAS CRIANÇAS: A ciranda das crianças trabalha com três grandes eixos: infância, gênero e convivência com o Semiárido. Nessa perspectiva, a ação, que envolve diretamente as crianças, tem o objetivo de garantir a participação das mulheres/mães em espaços de discussão de políticas públicas, visto que são elas as principais responsáveis pelo cuidado. A espaço lúdico-educativo é facilitado por uma pessoa da comunidade, capacitada para a função de cirandeira(o).
"Neste período de retrocessos democráticos, a gente vem com a Ciranda das Crianças como uma forma de botar na pauta discussões tão importantes, de forma leve, com mulheres, homens e crianças. A gente tentou proporcionar para estas pessoas formas de olhar para si mesmas e para o mundo ao redor delas. Nós saímos desse processo com a certeza de que deixamos portas abertas que podem ser alargadas por estas mulheres e homens", destacou a doutora em educação e colaboradora do Instituto Rumos, Ivânia Freitas.
O Pró-Semiárido é um projeto do Governo do Estado, executado pela Secretaria de Desenvolvimento e Ação Regional (CAR), empresa pública vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Rural (SDR), com cofinanciamento do Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida).
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