A estudante e advogada Maíra Cavalcanti Coelho defendeu pesquisa para obter o título de mestre no Curso de Ecologia Humana e Gestão Socioambiental da Universidade do Estado da Bahia. Maíra fez uma imersão na Ecologia Humana mostrando a dimensão plural para compreender o conhecimento de muitas áreas, e, entre elas, a sustentabilidade ecológica, principalmente em seus aspectos culturais e os conceitos de história, memória e patrimônio.
Na pesquisa Maíra, destaca o valor arquitetônico e paisagístico do Aqueduto do Horto Florestal e o estudo sobre sua história e preservação, “tomando como pressuposto a memória desenhada desde o século XIX, quando a obra foi implantada no município de Juazeiro, Bahia inspirada nas construções romanas, inclusive em relação à sua funcionalidade.”
“O aqueduto encontra-se no Campus III da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, localizado no bairro São Geraldo, no município de Juazeiro-BA, extremo norte do estado, lugar conhecido antigamente como Horto Florestal, na época sede da Faculdade de Agronomia do Médio São Francisco – FAMESF.”
O tema o Aqueduto do Horto Florestal provoca novas discussões nos espaços acadêmicos, atentando para a relevância desse monumento no sentido de buscar o significado da obra para a população de Juazeiro, visando compreender qual a excepcionalidade, funcionalidade e valor desse patrimônio cultural que se encontra inventariado e tombado provisoriamente pelo Estado (IPAC) – processo para tombamento iniciado em 16 de julho de 2008.”
Apesar de tão significativo, poucas pessoas sabem da existência do Aqueduto, razão pela qual a pesquisadora almeja transformar o estudo em ferramenta que sirva de suporte pedagógico à população baiana, pois, até então, não havia registro histórico específico sobre o referido bem e a imprenscindível manutenção e conservação, considerando que de longa data encontra-se com estrutura bastante comprometida..
"Além disso, este trabalho objetiva servir de base para fundamentar a conversão do tombamento provisório do Aqueduto em tombamento definitivo. Outros estudos complementares estão em andamento e serão importantes para somar esforços no reconhecimento do valor do Aqueduto nas dimensões social, histórica, econômica e cultural", finalizou Maíra, que realizou o trabalho sob orientação do Professsor doutor Leonardo Diego Lins, e coorientação da Professora Doutora Geida Maria Cavalcanti de Sousa.
Participaram da banca avaliadora o Professor Doutor Juracy Marques dos Santos e o Professor Doutor Adelson Dias de Oliveira, que agregaram contribuições à produção científica.
MEMÓRIA, CULTURA E IDENTIDADE: Em 2017 o Aqueduto de Juazeiro foi destaque na imprensa regional, através de um texto de Juliano Ferreira. O Aqueduto é um marco para a Agricultura e mais especificamente para a Irrigação no Vale do São Francisco. Apesar da importância histórica, econômica e cultural deste patrimônio juazeirense, são escassas as informações sobre ele, além do abandono em que o patrimônio se encontra.
Não se sabe ao certo quando foi construído, mas, relatos de moradores do Bairro São Geraldo, onde ele está localizado, dão conta de que ele tem mais de 100 anos. De tão antigo, sequer foi utilizado cimento em sua estrutura.
Todos os dias ele é ligado e leva as águas do Velho Chico para o Campus III da Universidade do Estado da Bahia, passando por mangueiras, cajueiros, experimentos, prédios, salas de aula e laboratórios. Jomar Benvindo, Gestor de Negócios em Turismo, guarda os registros memorialísticos repassados por seu pai, João Benvindo dos Santos. “Meu pai falava comigo sobre o material utilizado, tijolo, cal batido, areia e a água do Rio São Francisco. Não há cimento na obra”, relembra.
João Benvindo fez parte da primeira turma da Famesf em 1964, tornando-se depois professor e diretor da instituição, passos seguidos por muitos outros estudantes que o precederam. “Este é hoje o único aqueduto do país construído com este material e que ainda está em funcionamento”, revela o turismólogo, alertando para a necessidade de uma atenção e maiores cuidados com o patrimônio.
O Aqueduto é tombado pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão vinculado a Secretaria de Cultura do Estado da Bahia e tem como objetivo trabalhar na salvaguarda de bens culturais materiais e imateriais, na política pública estadual do patrimônio cultural e no fomento de ações para o fortalecimento das identidades culturais da Bahia.
Márcio Ferreira, egresso do curso de Agronomia e mestre em Horticultura Irrigada pela UNEB diz que o aqueduto é um “local de grandes histórias, aventuras, coleta de fauna e flora, palco para fotografias de muitas turmas formadas lá. É o nosso cartão postal maior, um cenário enigmático cortando a mata ciliar, trazendo em si, histórias longínquas”.
“O aqueduto é um projeto pioneiro, o ponta pé para as práticas de irrigação do Submédio do São Francisco. Um patrimônio histórico dentro da universidade”, relatou na época Vanuza Souza, estudante de Agronomia no Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais.
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