Hospital Materno Infantil de Juazeiro e a crise no setor da saúde que prejudica a população

02 de Sep / 2021 às 07h30 | Variadas

O Hospital Materno Infantil atende 53 municípios que compõem a Rede PEBA (Hospital de Pernambuco e Bahia). Segundo a assessoria de Imprensa da Prefeitura de Juazeiro, Bahia, o Hospital realiza em média, 400 partos por mês.

Atualmente para administrar o atendimento e garantir a segurança de mães e bebês, a maternidade está priorizando os casos mais graves e outros casos estão sendo regulados para outras unidades, seguindo todas as normas legais, enquanto trabalha para normalizar o atendimento.

A População do Norte da Bahia e Vale do São Francisco, em especial os juazeirenses amanheceu  a quinta-feira  (02) repercutindo mais um capítulo na trajetória do Hospital Maternidade Infantil de Juazeiro, Bahia. O dia de ontem foi marcado pelo pedido de  exoneração do cargo da diretora administrativa sanitarista, Maria das Graças de Carvalho.

Aravés de nota, à imprensa e a sociedade juazeirense em geral, a então diretora Graça Carvalho declarou  que no dia 31 de agosto "cumpriU seu último dia à frente da gestão da Maternidade de Juazeiro, ressaltando que, apesar do afastamento ocorrer somente agora, já estava previsto desde o mês de junho, quando comuniquei à prefeita Suzana Ramos a minha necessidade de afastamento por questões estritamente profissionais". 

A ex-gestora frisa: "Portanto, minha decisão não tem nada a ver com recentes denúncias como estão atribuindo. Até porque quando assumi já sabia que a Unidade sempre foi alvo dessas questões". 

No entanto a solicitação de afastamento coicindiu com denúncias veiculadas na imprensa de uma crise no setor da saúde, manifestada por leitores desta REDEGN, ouvintes de rádio e imprensa em geral. Até o momento a prefeita Suzana Ramos e o Secretário de Saúde, Fernando Antonio Bezerra da Costa não se manifestaram publicamente sobre o assunto. 

O Conselho Municipal de Saúde de Juazeiro se manifestou sobre a situação do Hospital Materno Infantil do município, que voltou a ser o centro das atenções na terça-feira (17) de agosto, com a notícia de um possível fechamento, que logo se espalhou nas redes sociais.  Moradores dos bairros mais afastados do centro, acusam faltam de medicamentos e de médicos nos postos de saúde.

Familiares de gestantes alegaram que o Hospital Maternidade Infantil está sem realizar partos devido a falta de vagas, como também de material e estrutura para atendimento. 

Na defesa inicialmente a Secretaria de Saúde de Juazeiro (Sesau) se manifestou confirmando que o Hospital Materno Infantil estava com a lotação de leitos completa e que por isso "não pode receber novas pacientes neste momento. Para administrar o atendimento e garantir a segurança de mães e bebês, está priorizando os casos mais graves e outros casos estão sendo regulados para outras unidades", disse o órgão, que acrescentou ainda que a direção da maternidade está trabalhando para normalizar o atendimento.

"Sobre a falta de insumos cirúrgicos, o fornecedor pediu o prazo de 20 dias para a entrega alegando falta de matéria-prima. A direção reforça que não tem medido esforços para normalizar a situação o quanto antes", completou a secretaria.

Posteriormente, enviou nova nota à imprensa repudiando "qualquer notícia falsa sobre suposto fechamento do Hospital Materno Infantil" e reforçando "que a unidade de saúde continua aberta, porém funcionando com a lotação completa". O Hospital Materno Infantil atende 53 municípios que compõem a Rede PEBA (hospital de Pernambuco e Bahia), realizando em média 400 partos por mês.

AUDIÊNCIA PÚBLICA: No ultimo dia 24 de agosto, o deputado estadual Zó anunciou que já protocolou na Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) o requerimento para visita ao Hospital Materno-infantil de Juazeiro para que seja avaliada a situação de fechamento temporário em decorrência da falta de materiais básicos para atendimento como campo cirúrgico e lençóis, implicando no não-atendimento a mulheres e crianças do município e outros 52 da Rede Interestadual de leitos(Rede PEBA).

De acordo com a gestão da unidade de saúde, em resposta à imprensa, há  limitação de equipamentos, como salas cirúrgicas e escassez de Campo Cirúrgico, "que são os panos utilizados para cirurgias", porque os fornecedores estão com dificuldades de matéria prima para fabricação, no caso o tecido Brim,  apropriado para estes procedimentos, o qual não é encontrado nem no comércio local, pois está em falta no mercado. 

Entretanto, outras casas de Saúde da cidade mantém os seus serviços, mesmo a gestão colocando a culpa da falta de material na pandemia. No Ato de Protocolo, foi exposto ao presidente da Comissão de Saúde da ALBA  deputado Eduardo Alencar, situações de inoperância da gestão municipal no atendimento à demanda de saúde. 

"Os hospitais em Juazeiro, privados e públicos, como o Hospital Regional estão funcionando. Não há notícia de fechamento temporário por falta de pano nestas unidades. Mas já informei à Comissão que há um problema em processos licitatórios, pois também já tem relatos de falta de insumos nos postos de saúde da cidade. É inacreditável que uma maternidade que atende a dezenas de municípios baianos e pernambucanos esteja nesta situação pela falta de tecido Brin", desabafou o deputado Zó.

No plenário, o parlamentar esclareceu que esta é uma ação de auxílio à gestão municipal e conclamou à prefeita Suzana Ramos a dar uma entrevista coletiva esclarecendo este problema, que tanto foi falado na sua campanha eleitoral. "Sabemos que a prefeita não é muito dada a entrevista. Mas, prefeita, a senhora que foi eleita como a mãe,  convoque a imprensa, esclareça o que está acontecendo neste momento delicado. Porque do jeito que está não pode ficar ", finalizou o deputado Zó.

JANEIRO 2014: Os problemas e queixas contra o Hospital Maternidade Infantil de Juazeiro sempre foi motivo de denúncias. No mês de janeiro de 2014, o então Secretário Municipal da Saúde Cássio Garcia contestou  no programa RJ Notícias da Rádio Juazeiro que “a transferência de serviços e atendimentos do Hospital Infantil para a Maternidade Municipal não vai trazer qualquer tipo de prejuízos à população”, declarou.

“Trata-se de uma medida de ajustes e redução de custos para, inclusive, melhorar ainda mais o setor da saúde em Juazeiro. Depois de intenso estudo a nossa equipe concluiu que a estrutura da Maternidade tem total condições de abrigar o atendimento também infantil e, para tanto, foram realizadas inúmeras melhorias na estrutura da Maternidade”, explicou na época.

2017: No ano de 2017, a comunidade juazeirense se comoveu com a história de uma jovem que deu parto no chão do Hospital Materno Infantil de Juazeiro. Na época "A Secretaria de Saúde de Juazeiro, por meio da diretoria da Maternidade Municipal, informou que a paciente entrou em contato com o serviço de Ouvidoria da pasta no dia 31 de julho, e relatou a situação. Desde então, foi aberta uma sindicância interna para apurar os fatos e punir os profissionais que tiveram postura negligente.

O parto foi realizado no chão e próximo as lixeiras.

*O nome da paciente a diretoria e reportagem da REDEGN prefere não divulgar visto a criança hoje ter 4 anos e solidário a familia para evitar possíveis constragimentos pelos traumas da época e os que podem surgir com o relato dos fatos.

2019: Em 2019, o Jornal A Tarde (Salvador), destacou que "A rede de urgência e emergência do município de Juazeiro passa por uma forte crise em suas duas principais unidades: a UPA e o Hospital Materno-Infantil. Em junho, o Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por meio de uma ação civil, solicitou uma liminar que determinasse imediata reforma, adaptação e aquisição de equipamentos à maternidade. Esta situação é também acompanhada por falhas no atendimento das unidades básicas de saúde.

Agosto 2021: No final do mês de agosto a reportagem da REDEGN esteve no Hospital Maternidade Infantil de Juazeiro e apurou diversas denúncias. Entre a falta de vagas também mulheres acusaram falta de condições para realizar a prestação de serviço de curetagem entre outros exames, que segundo as queixas, são encaminhados para a realização em hospitais particulares.

Redação redeGN Foto Ney Vital

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