A região de cabeceira do rio São Francisco se encontra atualmente no auge do período seco. Assim, as previsões baseadas no modelo GENS/NOAA indicam volumes pluviométricos muito pequenos, ou, inclusive, ausência de chuva para os próximos dias.
O Velho Chico abastece grandes cidades, como Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, que juntas têm quase 550 mil habitantes. E ainda tem que abastecer os dois canais da transposição que levam água para o Ceará e Paraíba.
Os problemas causados pelo represamento da água são visíveis a partir da hidrelétrica de Xingó, entre Alagoas e Sergipe.
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco –CBHSF, enviou ofício à diretoria da Agência Nacional de Águas –ANA, demonstrando viva preocupação com os planos do Operador Nacional do Sistema (Hidrelétrico-) – SIN – voltados para a prática, já agora a partir do mês de setembro, de vazões de 1.500 m³/s (hum mil e quinhentos metros cúbicos por segundo) a partir da Usina de Xingó no Baixo São Francisco.
A reportagem da REDEGN teve acesso ao ofício: a situação pe preocupante e aponta que "caso o período chuvoso não apresente índices bastante superiores às médias históricas ou caso as chuvas tenham algum atraso importante para seu início, há risco de continuar o deplecionamento do reservatório de Sobradinho e atingir níveis muito baixos e que prejudiquem o atendimento adequado aos usos múltiplos da bacia em prol do uso das águas para aproveitamento hidrelétrico".
Diz o ofício: "Com o deplecionamento elevado dos reservatórios, é possível que a sua recuperação não seja adequada durante o período chuvoso que se avizinha e, com isso, esta forma de operação esteja incrementando o risco de uma crise hídrica de maior monta no período de estiagem de 2022".
Assinado pelos integrantes de sua Diretoria Executiva o ofício do CBHSF reconhece o caráter estratégico da troca de energia entre as regiões brasileiras conforme a situação conjuntural dos reservatórios hidrelétricos, mas alerta que essas trocas devem respeitar o limite do bom senso e da precisão técnica para que não se corra o risco, no caso concreto da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco de, além de exportar água em forma de energia, importar, na prática, uma nova crise hídrica na complexa região semiárida brasileira.
© Copyright RedeGN. 2009 - 2024. Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do autor.