Gasolina vendida acima de 7 reais o litro, gás de cozinha passando de 100 reais, 14 milhões de desempregados, inflação corroendo a renda das famílias, avanço da fome, risco de racionamento e apagão no setor elétrico, aumento das queimadas e, claro, quase 600 mil mortos pela pandemia, que segue sob o risco da variante Delta.
Este é o um dos retratos que assola grande parte dos brasileiros. Em conversa com a REDEGN um motorista de aplicativo disse que "tem trabalhado mais de doze horas para garantir um mínimo de dinheiro que não pode ser traduzido como lucro e sim fazer a feira."
O constante aumento no preço da gasolina, com o litro acima dos R$ 7,00 em alguns postos, tem levado um número crescente de motoristas de aplicativos a abandonar ou rever o planejamento de trabalho diante da forte redução dos ganhos obtidos nas corridas.
“Hoje, nosso lucro tem que ser dividido meio a meio com a gasolina revela um motorista de aplicativo que trabalha em Juazeiro e Petrolina.
Com o preço da gasolina nas alturas, os motoristas procuram alternativas de combustível para não saírem no prejuízo nas viagens Abastecer com etanol, que é mais barato é uma saída.
O problema não se restringe aos profissionais de carro, A classe dos mototaxistas reclamam apontando que em Juazeiro e Petrolina "o preço do litro de gasolina é um dos mais elevados do Brasil.
Em todo o Brasil a crise atinge os usários de carros e motos. Amilcar Barca Teixeira é motorista de aplicativo há dois anos e já tem planos de sair do ramo. Desanimado com o alto preço da gasolina, ele iniciou curso para se tornar corretor de imóveis “Já trabalho na área de vendas, vou tentar trabalhar também nesse ramo, porque aplicativo não dá. Com a gasolina acima de R$ 7 nesta semana eu não tenho condição de pegar uma tarifa base”, lamentou.
Para o motorista, de 33 anos, a perspectiva é de que a qualidade do serviço piore com a desistência dos profissionais. “Tudo aumentou e a tarifa dos aplicativos diminuiu. Enquanto não reajustarem esses preços, cada vez mais vai ter cancelamento de motorista, principalmente em viagem curta.”
O geógrafo Ricardo Barbosa da Silva, pesquisador do grupo de pesquisa Rede Mobilidade Periferias da Unifesp indica a contribuição dos mototaxistas.
“Possivelmente são vários os fatores que levam uma pessoa a trabalhar como mototaxista, seja regularizado ou não. No fundo, o surgimento e a dinâmica desse serviço estão relacionados a desemprego, pobreza urbana, crise generalizada de mobilidade na cidade e precarização dos transportes coletivos”, observa.
"O mototáxi é um serviço que apareceu como uma alternativa à população periférica. Essas pessoas são as mais dependentes do transporte coletivo, geralmente lotados, situação que na pandemia torna-se uma condição de maior vulnerabilidade de contaminação", diz Silva.
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