O show de horrores diários que o brasileiro está assistindo no cenário político nacional, é de provocar grandes perplexidades em cada cidadão, pelo que contém de esdrúxulas e irreverentes atitudes no comportamento dos principais atores desse grande teatro politiqueiro, ou da politicagem.
Tudo que possa acontecer numa roda de discussão política entre pessoas comuns de posições ideológicas divergentes, e que eventualmente ultrapasse os limites da cordialidade e do respeito, são, até certo modo, compreensíveis e suportáveis, ainda que deixem algumas marcas e mágoas entre amigos, a depender da intensidade das paixões. Alguns até dizem que política, futebol e religião, não se discute.
Mas, quando esse descontrole verbal e emocional eclode da boca de autoridades de alta expressão, postura e responsabilidade no comando do País, isso impacta, decepciona e planta uma absoluta insegurança nacional. Nunca se imaginou que a Nação iria testemunhar uma relação tão frágil, conturbada e deplorável entre os Poderes da República, cuja linguagem da comunicação atingiu o mais baixo nível de que se tem conhecimento na história brasileira. Algumas expressões grosseiras são de reprodução proibida! O pior é que isso é repetitivo, e está num nível que, infelizmente, parece irreversível dado ao destempero de um dos poderosos envolvidos.
O crescente agravamento das relações entre os Poderes somente desconstrói e atrapalha o crescimento econômico, social, cultural e político da Nação. É preciso que cada um assuma a dimensão dos seus erros ou serão duramente julgados pela história. Percebe-se, claramente, que a nau que conduz esta nossa pátria, está visivelmente à deriva. A nação brasileira espera, com ansiedade, que os motivos sejam provocados apenas por uma breve tempestade, e não pelos perigos de um mar revolto.
Que as transformações de caráter, responsabilidade e compromisso de todos com os objetivos nacionais, correspondam às águas tranquilas que a nau Brasil necessita para voltar a navegar com segurança na direção do seu destino. Contudo, se isso for um problema pessoal e virar uma rinha, esse é o perigo; não para eles, mas para um povo que até aqui é conhecido como cordato e bom camarada.
A história registra os fatos e passa à posteridade as lições na expectativa de que produzam os seus efeitos transformadores, embora nem sempre assimiláveis pelo homem. Atualmente muito se fala das preocupações com os Militares, mas se esquecem de que os maiores protagonistas de todo esse imbróglio nacional são os próprios civis, corrompidos e corruptores de todos os matizes, além de personagens intensamente seduzidos pelo poder.
Existe um novo conceito vigente de que “a democracia atualmente não termina com uma ruptura violenta nos moldes de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas – como o judiciário e a imprensa – e a erosão gradual de normas políticas de longa data”. Esse pensamento é a nova visão de dois Professores de Harvard, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, autores da obra intitulada “COMO AS DEMOCRACIAS MORREM”, que dá título a esta crônica. Sobre a maneira de enxergar os riscos para a sobrevivência de uma democracia, o The New York Times Book Review, assim se manifestou sobre o livro: "Abrangente, esclarecedor e assustadoramente oportuno". Em outras palavras, premiou os autores pela visão realista de ambos.
Assim, os riscos correntes a que a democracia de uma Nação está exposta, começam pelos atos inconsequentes de suas próprias lideranças políticas. Urge que os Poderes constituídos e as demais instituições que os representam, sejam respeitados e preservados acima de todos os interesses pessoais, ideológicos e eleitorais, ou continuaremos uma nau sem rumo, e o pior de tudo: nossa democracia sendo, no mínimo, desrespeitada todos os dias e sem saber que destino lhe está sendo reservado.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA.
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