Rodas de Diálogo alertam sobre os riscos de instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, nas margens do Rio São Francisco

11 de Aug / 2021 às 09h30 | Variadas

Populações tradicionais, ambientalistas e ativistas da região da bacia do rio São Francisco continuam promovendo mobilizações e ações que têm o objetivo de alertar para os perigos que ameaçam a permanência de um dos rios mais importantes do Brasil: o Rio São Francisco. 

A TV Raízes da Cultura e a Pastoral da Comunicação da Diocese de Floresta estão promovendo "Roda de Diálogo" sobre a possibilidade de instalação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, Sertão de Pernambuco, fazendo uso das águas do Rio São Francisco.

Os debates tem o objetivo de ouvir o posicionamento de parlamentares estaduais e federais, técnicos sobre as leis existentes e as discussões que vem ocorrendo nas casas legislativas, a ameaça que isso representa aos Territórios Tradicionais e os riscos e as falsas promessas de geração de empregos na região.

A reportagem da REDEGN obteve a informação que na próxima sexta-feira (13), mais uma live contra a instalação da Usina será realizada com a participação de Movimentos Sociais. Na próxima semana uma reunião com deputados e senadores para debater o assunto foi marcada.

O rio São Francisco sob nova ameaça. Essa é a constatação dos Movimentos Sociais. "A Instalação do empreendimento vai exigir uma vazão que o rio São Francisco não suporta, além de impactos na segurança hídrica e alimentar, e na qualidade de vida das comunidades ribeirinhas", diz Padre Luciano Aguiar.

Atualmente o interesse em fazer uso das águas do rio São Francisco e instalar a Usina Nuclear tem que passar pela de revisão dos licenciamentos de uso das águas do Rio São Francisco já em vigor, pois um temas tratado é considerar as condições ambientais do rio para a concessão de licenciamentos futuros. 

Nesta direção, tramita na Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe), a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 09/2019, de autoria do deputado estadual Alberto Feitosa (PSC), que prevê a alteração do artigo 216 da Constituição Estadual, garantindo as condições para a implantação de uma Usina Nuclear em Itacuruba, município localizado na região do Submédio São Francisco pernambucano.

A reportagem da REDEGN enviou solicitação de informações ao Deputado estadual Alberto Feitosa, mas até o momento não teve retorno.

Uma série de argumentos contrários ao empreendimento, dentre os quais estão o descumprimento à Constituição Estadual e riscos à saúde física e psicológica da população local.

“Pergunto se as vantagens econômicas de curto prazo, como a geração de empregos na fase de construção da usina, valeriam o sacrifício humano, os riscos de acidentes e impactos negativos à população de Itacuruba, que seria, mais uma vez, vítima das consequências negativas de um empreendimento energético,” pontuou o deputado do PT, João Paulo.

O autor da PEC 09/2019, o deputado Alberto Feitosa (PSC), defende a instalação da Usina Nuclear. “Imaginem as vantagens econômicas trazidas pelo empreendimento, que deverá mobilizar um investimento de U$ 30 bilhões na região", declarou em audiência na Assembleia Legislativa.

O educador social do Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP) em Floresta, Pedro João, afirma que a instalação da Usina Nuclear representa o fim da pesca artesanal, atividade que serve à alimentação e à geração de renda das comunidades ribeirinhas.

“A água vai impactar no ecossistema local. A água que volta após resfriar os reatores estará aquecida em 2ºC, o que impacta na sobrevivência e na reprodução dos peixes. Atualmente, os reservatórios já sofrem com o baixo volume de água, devido às mudanças climáticas que tornam as chuvas irregulares. Com a posssível implantação da usina nuclear, que vai demandar água para resfriar os reatores, o volume de água vai ficar ainda menor, tornando a pesca artesanal inviável", reflete Pedro João.

ITACURUBA:  A escolha de Itacuruba, Pernambuco para a implantação da usina se deu através do Plano Nacional de Energia 2030. Construído pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e lançado em 2007, prevê um investimento de R$ 30 bilhões para a construção de seis reatores com capacidade de produção de 6.600 megawatts. A área de instalação está localizada no Sítio Belém de São Francisco, distante 8 km de Itacuruba, e pertence à Companhia Hidroelétrica do Rio São Francisco (Chesf).

 

Redação redeGN Texto Ney Vital Foto João Zinclar

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