As Pastorais do Campo sabem muito bem por qual razão o governo federal colocou um jagunço armado em homenagem ao Dia do Agricultor. Porque é assim que o agronegócio trata quem lhe atravessa pela frente, seja posseiro, quilombola, índio ou pequeno agricultor.
Nossas estatísticas de assassinatos e conflitos no campo, registrados desde 1985, são também um retrato da violência contra o povo do campo por quem é pop, tech e fogo.
Informações atuais dizem que o agronegócio brasileiro produz comida suficiente para alimentar 1,6 bilhão de pessoas no mundo. Os números são um espanto!
Entretanto, outras informações nos dizem que o Brasil atual tem 110 milhões de pessoas em insegurança alimentar, isto é, não sabem se comem a cada dia e não têm garantia de ter os nutrientes necessários para alimentar uma pessoa. Pior, 26 milhões estariam na miséria absoluta, situação de fome.
Esse é o Brasil dos ufanistas e esse é o Brasil real. Facilmente se esconde a realidade trágica de milhões de famílias atrás de estatísticas e números, mesmo que outros números digam exatamente o contrário do que alardeiam.
Matérias de jornal dizem que o povo faz filas para comprar um osso no Mato Grosso, onde existem dez cabeças de vaca para cada ser humano. Mas, que nada, não existe paradoxo e estamos felizes nessa ilha de prosperidade chamada Brasil.
Fui ver o IDH de Cuba comparado ao Brasil. Pois bem, a ilha tem um Índice de Desenvolvimento Humano (0,783 em 2019) superior ao do Brasil (0,765 em 2019). E o IDH é um índice formulado pela ONU. Até a Renda per Capita de Cuba, pasmem, é superior à Brasileira: 8.821,82 USD (2018) de Cuba e a do Brasil 8.717,19 USD (2019). O problema é que lá essa renda é melhor distribuída e no Brasil ela é concentrada.
Então, a tal ilha comunista, pobre, que dizem miserável, tem educação, longevidade e renda per capta superior a essa maravilha capitalista chamada Brasil. Uruguai, Argentina e Chile também estão melhores que o Brasil em seu IDH.
O fato é que a fome voltou ao Brasil com a voracidade de séculos passados, para desespero de Dom Hélder Câmara, Betinho, Josué de Castro e nosso também.
Estamos comendo o pão que Bolsonaro amassou e não amassou sozinho.
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