Neste sábado (24) marca os 501 dias desde que a OMS declarou que o mundo enfrentava a pandemia do coronavírus

24 de Jul / 2021 às 22h00 | Coronavírus

Neste sábado (24) marca os 501 dias desde que a OMS declarou que o mundo enfrentava a pandemia do coronavírus. No início de 2020, a Caroline e o marido trabalhavam no atendimento a pacientes da Covid numa emergência em aparecida de Goiânia.

“Elas chegando procurando ar, pedindo pelo amor de Deus, e a gente não tinha muito como socorrer, porque não tinha muito recurso no começo”, conta a médica Caroline Vellasco Curado.

A médica não imaginava que, em meio a tanto sofrimento, ficaria grávida pela primeira vez: “Eu levei um susto muito grande, porque eu não tinha como sair do trabalho. Não tinha vacina, não tinha nada. Então, eu fiquei com muito medo”, conta Caroline.

Chegamos ao dia 501 desde aquele 11 de março de 2020, quando a Organização Mundial da Saúde declarou a pandemia.

Mais de Quinhentos dias. No Brasil, passamos de 52 casos confirmados a quase 20 milhões; chegamos perto das 550 mil mortes. A cada dia, em média, choramos 1.100 vidas perdidas.

O Brasil registra hoje, por dia, o dobro de mortes que a Itália tinha em março do ano passado, quando o medo e a incerteza tomaram conta do mundo. Cidades inteiras em silêncio. Faltaram leitos, oxigênio e espaço nos cemitérios. Milhões sentiram e ainda sentem na pele a dor dessa tragédia.

“Foi um medo absurdo, um desespero de ver minha família toda doente e eu achava que eu ia ficar sozinha com meu filho, porque todos nós ficamos doentes”, conta gestora de pessoas Mariana de Deus.

O Luiz é pai da Mariana e da Juliana; avô do Bernardo. Há 40anos casado com a Gisele. Luiz perdeu três tios para o vírus e, esta semana, ele deixou o hospital depois de 113 dias de internação. Foram 90 dias na UTI, 27 deles em coma.

“A vida por um fio. Na realidade, eu achei, assim, que eu tive uma nova oportunidade. Eu estava chegando na linha de chegada para o outro lado e eu fui puxado, tive uma nova chance de viver”, diz Luiz Olimpo Sampaio de Deus.

A família se revezou nos cuidados e comemorou cada conquista. “Se a pandemia ficou para trás? Não. Por mais que a medicina esteja correndo atrás, mas ainda falta muita coisa. Muito esclarecimento da própria população nossa aqui”, diz Gisele Cunha de Deus.

Quinhentos dias. Quanta coisa mudou. Os cuidados com a máscara, a higiene das mãos... Ficamos mais íntimos da tecnologia.

Em abril de 2020, assim como aconteceu em várias partes do mundo, os funcionários de uma empresa foram todos para casa. Durante quatro meses, o escritório ficou de portas fechadas. O home office foi um desafio que exigiu adaptações. Quando eles voltaram ao trabalho presencial, novos hábitos tinham sido incorporados ao dia a dia.

“Você pode observar que tem álcool gel para tudo quanto é lado. Antes não tinha, antigamente. Isso provavelmente vai se manter porque é uma cultura que veio para ficar, de mais controle. Agora, você tem fone para tudo quanto é lado. Você tem as lâmpadas, as necessidades para se fazer as lives”, conta Sérvulo Pinheiro, CEO da empresa.

A psicanalista Vera Iaconelli afirma que viver na incerteza é um desafio e, para alcançar dias melhores, é fundamental cuidado com quem está a nossa volta.

“É muito difícil para nós vivermos sem saber o amanhã, sem essa previsão de quando acaba. Nós somos muito ansiosos, muito projetados no futuro. Nós queremos garantir tudo, e nós não temos. Então, a gente só pode garantir que vai acabar bem, se a gente cuidar hoje”, afirma Vera Iaconelli.

Luiz ainda sofre com as dores no corpo e depende da fisioterapia para recuperar parte dos movimentos. Mas para eles não falta confiança no futuro.

“A gente sempre teve esperança que os dias melhores virão. E eles estão vindo. A vacina chegou, as pessoas estão tendo acesso à vacina. Eu costumo dizer que eu sou muito abençoada, que a minha família, ela renasceu”.

Nesse intervalo coube a luta no hospital. Toda a gestação e quatro meses de vida. Coube também a vacina.

“Quando ela nasceu, eu tinha 15 dias só que eu tinha tomado a vacina, só que ela estava fazendo alguns exames de rotina, por conta dos meus problemas na gestação, e, por curiosidade, eu pedi para incluírem o exame de anticorpos. E, quando veio positivo, eu não sabia se eu ria, se eu chorava”, conta médica Caroline.

Uma boa notícia: a Esther nasceu imunizada. Quinhentos dias, e continuamos contando.

JN

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