Foram 497 dias de espera até o reencontro, que não será total e acontecerá longe de casa. Mas nesta quarta-feira o Flamengo jogará novamente com sua torcida por perto. A partida contra o Defensa y Justicia, pelas oitavas de final da Libertadores, marcará o primeiro jogo da equipe novamente com público desde o fechamento dos estádios devido à pandemia de coronavírus.
Até o reencontro, o caminho não foi simples. O palco da partida atesta isso: ainda sem liberação para jogar no Maracanã, o Flamengo levou o jogo para o Mané Garrincha, em Brasília, onde o governo local divulgou um decreto liberando até 25% da capacidade do estádio – cerca de R$ 18 mil pessoas.
Este é o primeiro passo de um processo que a diretoria do Flamengo vem travando há alguns meses. Vice-presidentes como Marcos Braz (futebol), Luiz Eduardo Baptista, o Bap (relações externas) e Rodrigo Dunshee de Abranches (geral e jurídico) se pronunciaram publicamente diversas vezes defendendo o retorno do público.
A pandemia de coronavírus no Brasil ainda não está controlada e há temores sobre a nova variante delta. Por outro lado, a vacinação vem avançando no Rio de Janeiro, onde pessoas na faixa dos 30 anos já começaram a receber a primeira dose. Foi justamente a falta de um acordo com a Prefeitura carioca que motivou a ida a Brasília.
Do ponto de vista financeiro, a necessidade do Flamengo em voltar a ter público nos jogos fica latente nos balanços divulgados. No balancete do primeiro trimestre de 2021, o mais recente publicado, o clube estimava um prejuízo entre R$ 120 milhões e R$ 150 milhões com bilheteria e sócio-torcedor desde o fechamento dos estádios.
Somente em 2020, o vice-presidente de finanças, Rodrigo Tostes, estima que o clube deixou de ganhar R$ 110 milhões.
Bilheteria e sócio-torcedor são duas das principais fontes de receita do Flamengo. Sem elas, a readequação financeira do clube chegou ao futebol. O sócio-torcedor, por exemplo, tem hoje cerca de 53 mil membros - em 2019, o programa tinha pouco mais de 120 mil pessoas.
O orçamento traçado para 2021 previa originalmente uma receita de R$ 100 milhões com bilheteria, com retomada de público em abril. Com a segunda onda de Covid no início do ano, o documento precisou ser readequado, a expectativa de torcida foi para setembro.
O orçamento também deixou clara a necessidade de manter a saúde econômica através de vendas de jogadores. A saída de Gerson, vendido ao Olympique de Marselha por 25 milhões de euros em junho, foi o maior exemplo disso. Em outro cenário, seria possível manter o volante, um dos principais jogadores do elenco.
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