É notório que nenhuma sociedade tem o poder de construir a sua própria história num simples passe de mágica ou por um eventual decreto dos governantes. Ela é o resultado de um enorme conjunto de fatores raciais e culturais, das progressivas descobertas e do crescimento pelos caminhos naturais do aprendizado.
Essas foram as regras básicas que impulsionaram o homem desde a pré-história, da Era dos Metais (Idade da Pedra, Idade do Bronze e Idade do Ferro) até a atual “Era do Silício”. É uma trajetória de milhares de anos marcada por civilizações de perfis os mais diferenciados possíveis.
Naturalmente que a família é o alicerce que serve de base para a estrutura deste grande edifício social, mas é imprescindível que outras fontes de energia estejam agregadas para o alcance dos resultados pretendidos, assim como a boa educação, a boa saúde e um elenco de outros fatores que devem contribuir na formação do caráter das pessoas. Mas, atualmente, mais vale quem sabe tudo sobre as novas tecnologias existentes no mercado da vida!
Mesmo diante de todas essas convicções que envolvem o pensamento nobre de grande número de pessoas, impressiona ver como de outra parte existem tantos que tudo fazem para destruir os valores conquistados com o amadurecimento moral dessa mesma sociedade. Obviamente que as leis e fundamentos que devem reger o comportamento e a conduta das pessoas no grupo social, são definidos pelas instituições que constituem o Estado, e a elas cabe a grande responsabilidade de zelar por sua preservação. E para isso o que se espera são os bons exemplos dos líderes, em todos os sentidos.
Mas, deixando de lado as ilações filosóficas e descendo à realidade do nosso Brasil de hoje, estamos diante de um povo afetado no seu íntimo por uma carga de profunda descrença, visto que passou a testemunhar uma ascendente inversão de valores e conceitos. Nos últimos anos o que não faltou foi uma gama de maus exemplos de gestores do Estado, tanto no deliberado desvio dos recursos públicos que conduziu muitos à prisão, como por atitudes e posturas indesejáveis para o cargo. Tudo isso só envergonha a Nação brasileira!
Imaginava-se que a Operação Lava-Jato surgiu para representar uma luz no final do túnel, face a descoberta de um mar de lama que ocultava bilhões e bilhões de reais desviados dos cofres públicos e das estatais. O STF, que tanto reconhecia a importância e validade das condenações oriundas das Instâncias de Curitiba, a ponto de manter um Ministro Relator da Lava-Jato em caráter permanente – Ministro Teori Zavassi, in memoriam, e o Ministro Luiz Edson Fachin -, depois de alguns anos validando os atos da Operação, surpreendentemente, inverteu todos os valores e perdoou os criminosos, transformando-os de réus em juízes! Os juízes viraram bandidos, e os bandidos “santinhos do pau oco”!
De sã consciência, não consigo enxergar, até hoje, a razão jurídica de uma mudança de rumo repentina e tão radical. Ou seja: o STF desdisse aquilo que disseram... Pior ainda, brincaram com a memória de um povo! Mais ainda: colocaram a palmatória nas mãos dos réus para que deem palmadas em quem bem desejarem, e isso já começaram a fazer. Só falta, agora, cobrarem indenizações astronômicas da Nação, ou alguém tem dúvidas de que isso poderá acontecer?
Diante desses fatos e maus exemplos atualmente vigentes, a nossa geração tem sobre os ombros um pesado fardo de responsabilidade quanto ao que passará às gerações futuras. Assim, como nos tempos do Brasil colonial do Século XVIII se contrabandeava com sucesso ouro e diamantes em estatuetas ocas de santos, hoje o que mais temos na política nacional, são “santos do pau oco”, que ocultam o retrato da desonestidade, da dissimulação e da corrupção, e externamente se apresentam como íntegros e salvadores da Pátria. Essa avaliação terá de ser feita com muito critério e rigor nas eleições do próximo ano.
Autor: Adm. Agenor Santos, Pós-Graduação Lato Sensu em Controle, Monitoramento e Avaliação no Setor Público – Salvador-BA
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